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RIBEIRA

O bairro da Ribeira fica situado na Península Itapagipana, na Cidade Baixa. Banhado pelas águas da Baía de Todos os Santos e da Enseada dos Tainheiros, é um dos poucos bairros em que os moradores conservam o hábito de colocar cadeiras nas portas das casas, no finalzinho da tarde, e de sentar para apreciar a paisagem. A autenticidade do povo que mora na Ribeira, com sua cultura tão particular retrata de forma quase mágica a divisão da cidade em Alta e Baixa. É difícil explicar esta sensação de magia. É necessário experimentá-la para compreendê-la. É preciso conhecer a Ribeira, que da Cidade Alta parece nem existir, mas que, quando nos encontramos lá, nos provoca um choque delicioso pela descoberta de uma outra Salvador. A Ribeira dos acarajés, pastéis e dos famosos sorvetes sobrevive e mantém preservada a sua personalidade única.

 

 
Área
PENÍNSULA E COMÉRCIO
 
Depoimentos
Onde fica a ribeira dos galeões?
“A ribeira dos galeões é o bairro da Ribeira. Porque ribeira, em vernáculo, é o local onde o navio ou embarcação, tem uma oscilação de marés tal que permite que o barco fique em seco para trabalhar. Isso acontecia cá, na ribeira das naus, hoje não acontece mais porque já aterrou tudo, do segundo distrito para cima já não tem mais nada. E lá na Ribeira, onde ainda acontece isso na praia do Bogari. Repare que quem tem barco para consertar leva para lá porque ali é fácil, quando a maré baixa está seco.” (Cid Teixeira)
www.cidteixeira.com.br

"Quem mora, nem que seja um ano, aqui, não se acostuma a viver em outro lugar. Itapagipe é a cidade do interior mais perto da capital. Nós somos diferentes do resto da cidade. Aí, a gente vem com aquele discurso: aqui as pessoas criam um vínculo, você é Itapagipano. Nenhum outro bairro de Salvador dá nome aos seus habitantes."
Cezar Brito - Sociedade Beneficente e Desportiva Santa Cruz - Itapagipe
(Quem faz Salvador, 2002, Cd-Room, Ufba)

"Às vezes acho que o tempo não passou por aqui. Ainda temos as casas, as pessoas papeando nas varandas. Se tem uma coisa que não queremos por aqui são aqueles espigões."
"Aprendi a viver, a amar itapagipe com as nossas brincadeiras, com nossos pais e vizinhos. Brincávamos muito, coisa que os meninos de hoje não fazem mais.(...) O mar era regente de nossas piculas. Quando a maré vazava, a gente brincava na areia; na maré cheia, íamos para os quintais."
"Precisam entender que a cidade não é só Barra e Amaralina. Esqueceram essa área maravilhosa da Bahia de Todos os Santos. Do Unhão ao Porto dos Tanheiros são mais de 29 pontos turísticos maravilhosos que precisam ser valorizados. Essa área foi muito esquecida."
Therezinha Azevedo - Associação de Moradores e Amigos de Itapagipe
(Quem faz Salvador, 2002, Cd-Room, Ufba)
 
Na Mídia
:: INAUGURADO O CENTRO NÁUTICO DA RIBEIRA
DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 23.01.1975, Caderno 1, p. 3.
:: SOMBRA E ÁGUA FRESCA
TRIBUNA DA BAHIA, 06.08.2003, p. 12, Eder Luis Santana.
:: DOMINGO NA RIBEIRA
CORREIO DA BAHIA, 06.02.2006, Aqui Salvador, p. 8, Flávio Novaes.
:: SEGUNDA-FEIRA GORDA DA RIBEIRA É O CARNAVAL NAS RUAS DA BAHIA
A TARDE, 11.01.1981, p. 3.
:: IGREJA DA PENHA VAI FAZER DOIS SÉCULOS
A TARDE, 22.10.1958
:: RESTAURADA A IGREJA DE NOSSA SENHORA DA PENHA
A TARDE, 27.07.1965, Caderno 1, p.2
:: CASAS FAZEM PARTE DO PROGRAMA RIBEIRA AZUL, A TARDE, 14.06.2004.
 
Atrativos
- PRAIA DA PENHA
Situada em frente à igreja Nossa Senhora da Penha. Conta com barracas, quadra de esportes e equipamentos de ginástica.

- PRAIA DO BOGARI
Entrada pelo Colégio João Florêncio Gomes. Nela está localizado o Clube Cabana do Bogari e muitas barracas onde são servidos mariscos, cozido e pirão de aipim com carne de sol.

- CABANA DO BOGARY
Clube dos sub-oficiais e Sargentos da Marinha. A História do Clube Cabana do Bogary tem início com uma barraca de praia chamada Cabana do Marinheiro, que existia no local onde hoje está instalada a cozinha do clube. A barraca era o ponto de encontro de tripulantes dos navios que ancoravam em Salvador. Marinheiros de todo o país e do estrangeiro se reuniam para beber e confraternizar. Por volta de 1948, o prefeito da cidade doou o terreno próximo à Cabana para ser construído um clube. Somente em 02 de julho de 1952 foi fundada a Cabana do Bogary, recebendo o nome da praia onde está situada. O clube foi registrado como sociedade civil de direito privado, vinculado ao Comando do Segundo Distrito Naval.

Conforme prega o estatuto do clube, a entidade é dedicada ao uso social, recreativo e cultural dos Sub-oficiais e Sargentos da Marinha, da ativa ou reserva. Hoje, no entanto, a Cabana do Bogary realizou convênio também com o Exército, a Aeronáutica e a Polícia Militar. Os civis só podem se associar quando indicados por um membro do clube. Atualmente estão cadastrados 308 sócios. De dois em dois anos, no mês de abril, é realizada eleição para a direção do clube.

A Cabana oferece salão de dança (com capacidade para 400 pessoas), salão de jogos, churrasqueira, cozinha e sala polivalente. Durante todo o ano acontecem campeonatos de futebol de salão, sinuca, baralho e dominó. O salão de dança e a quadra são freqüentemente alugados para não-sócios. Aos domingos acontecem apresentações de grupos musicais a preços populares.

- LARGO DA RIBEIRA
O Largo da Ribeira, também conhecido como Largo da Penha, é o centro do bairro da Ribeira. Formado pela junção de duas praças, a Praça General Osório e a Praça General Justos, o Largo está localizado no final da Avenida Porto dos Tainheiros, entre a avenida e a Ponta da Penha. Protegido por velhas árvores, o Largo da Ribeira convida os visitantes à contemplação do mar calmo da Baía de Todos os Santos, sendo um dos pontos mais paradisíacos da península. Segundo o Sr. Miguel Gesy Lopes, morador da Península de Itapagipe, os visitantes que se dirigiam ao Largo geraram o costume de chamar a região de Itapagipe de Ribeira.

Na região da Penha, como conta o historiador Luiz Henrique Dias Tavares, a família Garcia D’ávila iniciou sua trajetória de enriquecimento, fundando aí uma Olaria e Curral. Mais tarde, foi o local preferido pelas famílias abastadas da cidade para construção de residências de veraneio. Ao lado, na Ponta da Penha, casais namoravam sentados à sombra de grandes tamarindeiros e assistiam as apresentações de Ternos de Reis.

No Largo da Ribeira encontramos o final de linha da Ribeira, terminal de ônibus do bairro. O Largo atrai muitos visitantes e moradores que buscam o local para apreciar as delícias da famosa Sorveteria da Ribeira, jogar dominó com os amigos ou simplesmente apreciar a paisagem bucólica da península. O tradicional Clube de Regatas Itapagipe desponta imponente no centro do Largo, próximo ao único teatro do bairro, o Espaço Cultural Cena Um. No lado oposto, junto à Ponta da Penha, a Marina da Penha é opção para festas e shows.

- LARGO DO PAPAGAIO
Um dos maiores largos da Península de Itapagipe, o Largo do Papagaio está localizado em uma das entradas para a Ribeira, entre o Caminho de Areia e a Avenida Porto dos Mastros de um lado e a Rua Visconde de Caravelas de outro. Seu nome é motivo de controvérsia. Segundo Therezinha Paim, técnica de guia de turismo, o nome “papagaio” tem sua origem nas peças que os trabalhadores dos navios traziam e deixavam no local. Essas pesadas peças de navio eram chamadas de papagaios. Uma outra teoria, defendida pela escritora e poetisa Cecy Ramos é que neste local existiam muitos exemplares de uma ave falante que fazia ninhos nas palmeiras e que foi identificada como papagaio.

No Largo do Papagaio existia um campo de futebol, chamado Campo do Papagaio, muito freqüentado e disputado pelos praticantes desse esporte. Na época em que a Federação Baiana treinava no Campo da Graça, muitos jogadores profissionais treinavam no Campo do Papagaio. Os jogos oficiais aconteciam aos domingos e atraiam torcedores e vendedores ambulantes. No local existiu também a Fábrica Machado, do Sr. Machado, cujo palacete se localiza também no Largo hoje pertencente ao SESI.

O Largo do Papagaio é hoje um dos principais espaços de lazer de Itapagipe, principalmente esportivo. Em 2003 foi reformado passando a contar com duas quadras de esportes, equipamentos de ginástica e parque infantil, além de bancos e jardins. Muitos jovens se reúnem nas quadras e na prática de skate. Se em tempos passados o Largo da Madragoa era o ponto da paquera, hoje, o Largo do Papagaio assume essa característica também. À noite, o movimento no Largo aumenta com visita de grupos de amigos e casais. Ao redor do Largo encontramos a Escola Municipal Baronesa de Sauípe, o Clube do Sesi Itapagipe e o popular Campo do Lasca.

- LARGO DA MADRAGOA
O Largo da Madragoa surgiu com o aterro de uma área de manguezal para a instalação de um circo. No local havia um matagal que os moradores tinham o costume de queimar, construindo uma fogueira no centro. A praça foi inaugurada em 27 de dezembro de 1903, pelo administrador do município, José Eduardo Freire de Carvalho Filho. Contava então com um jardim com árvores, um coreto e um gradil para evitar a depredação da área verde.

O nome Madragoa foi dado por ter sido este o lugar onde vivia o crustáceo denominado pelos índios de “madragol”. O largo já foi uma das mais importantes áreas de lazer sócio-cultural da península, sobretudo para a juventude. O Cinema Itapagipe atraía muitos grupos de amigos e casais, tendo existido de 1920 a 1965. Hoje, no lugar das ruínas do antigo cinema foi construído um posto de gasolina. Era um dos locais preferidos para o “footing”: jovens moços permaneciam encostados no gradil esperando a passagem das moças, que circulavam dando voltas pelo largo. Ao passarem pelos rapazes, as moças recebiam galanteios respeitosos e correspondiam ou não com olhares e risadinhas. Segundo Alcimar Costa Silva, “os canteiros eram protegidos por pedras brancas, roliças, que se destacavam à noite, à luz dos lampiões. Aos domingos e feriados as filarmônicas tocavam canções como Viúva Alegre, Trovador e Guarani. Eram elas: Recreio do Pilar e São Brás, Carlos Gomes e a famosa Filarmônica Lira de Apolo. Elas paravam de tocar às 22 horas e o gradil em volta do largo se fechava, a fim de preservar o grande numero de plantas ornamentais que lá existiam. (Fonte: trecho retirado de COSTA SILVA, Alcimar”. Península de Itapagipe – Históri, tradições e cultura Popular”. Editora Pórtico, 2003.)

Ao redor do Largo da Madragoa havia a tradicional Farmácia Britto, de propriedade do senhor Secundino Britto, que era administrador da praça. Uma tradicional e numerosa família, a do Dr. Dórea, abria as portas do seu casarão às famílias conhecidas para a comemoração dos gritos de carnaval e bailes à fantasia. A família Pereira era a dona da Casa Ande, de materiais esportivos, no local onde hoje é o Ribeira Shopping. Na época do Natal, festas eram organizadas pelo locutor Pacheco Filho, que morava em frente ao Largo.

- HIDROPORTO DOS TAINHEIROS
O primeiro aeroporto de Salvador estava localizado na Ribeira, na Avenida Porto dos Tainheiros, em área dos pescadores de tainhas, que tiveram que abandonar o espaço. O local era utilizado antes como um píer de madeira e em 1922 serviu de parada para a primeira viagem sobre o Atlântico Sul, pelo Almirante Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Foi construído o Hidroporto entre 1937 e 1939, impulsionado pela descoberta de um poço de petróleo no bairro do Lobato.

Os aviões, chamados de hidroaviões, de modelo Catalina, decolavam do mar e como era na água, ao invés de aterrissar eles amerissavam. Era conhecido como Aeroporto dos Tainheiros. Tinha instalações luxuosas, com sala de espera, sala de bagagem, espaço para agências e companhias aéreas e um restaurante-bar. Os hidroaviões amerissavam em uma ponte em forma de Y. À noite formavam uma fileira de canoas com tochas para iluminar o lugar onde pousariam os hidroaviões. Quando os aviões se aproximavam era tocada uma sirene para alertar aos banhistas e condutores de barcos para que se afastassem do local de pouso, a fim de evitar acidentes. Autoridades e personalidades da época chegaram a Salvador através do Hidroporto dos Tainheiros como o ex-presidente Getúlio Vargas e sua esposa, Darci Vargas, os artistas brasileiros Raul Roulien, Silvio Caldas, Orlando Silva e artistas internacionais como Errol Flynn, Lew Ayres, John Bolles, entre outros.

Com a Construção do atual Aeroporto de Salvador, por volta de 1943, o Hidroporto dos Tainheiros foi desativado e por algum tempo serviu de sede da Associação dos Radio Amadores – LABRE. Depois, abrigou o Cube dos Sargentos da Marinha e posteriormente no lugar funcionou uma boate. Na década de oitenta, o antigo Hidroporto foi motivo de uma batalha entre moradores de Itapagipe e uma empresa náutica, interessada em transformar o espaço em marina. Os moradores, através do AMAI – Associação de Moradores e Amigos de Itapagipe – reclamaram a transformação do Hidroporto em espaço cultural para a comunidade e alegaram que a marina afetaria a raia das competições de remo, tradicional esporte da península. Atualmente o antigo Hidroporto dos Tainheiros abriga uma marina, mas a raia de remo foi mantida.

-IGREJA MATRIZ DE N. S. DA PENHA E PALÁCIO DE VERÃO DO ARCEBISPO
O conjunto localiza-se à beira-mar, no extremo da península de Itapagipe. Sua ambiência é formada pela praia, casas de aspecto simples, em sua maioria residenciais, e frondosos tamarindeiros. Notável implantação paisagística.
Conjunto de notável mérito arquitetônico formado pelo Palácio de Verão do Arcebispo e sua capela, ligados por uma "loggia" com galeria superposta. O pequeno ângulo formado pelos dois edifícios dá maior movimento à composição. O palácio se estrutura em torno de um saguão central, para onde convergem os demais cômodos. A nave possui tetos com painéis pintados, de autoria desconhecida. Existem restos quebrados de azulejos de vários padrões polícromos revestindo a terminação da torre, e um curioso mosaico de pedaços de azulejo cobrindo o frontão do corpo central, realizado tardiamente de pouca significação. Dentre a imaginária destaca-se: Santa Ana, São Joaquim, N. S. do Parto (séc. XVIII) e uma efígie de Bom Jesus da Pedra, pintura original da imaginária lusitana. Destaca-se entre as alfaias: custódia de pedra com raios dourados, cálice e patena que pertenceram ao Arcebispo D. Romualdo de Seixas e castiçais de prata.
Igreja com corredores laterais do tipo das matrizes e igrejas de irmandade no início do séc. XVIII, embora, neste caso, sem tribunas. A igreja foi reformada no final do século passado, sendo, provavelmente desta época, o segundo pavimento criado sobre as dependências do fundo, que não se integra à volumetria da mesma. A fachada apresenta uma só torre terminada em pera embrechada de pedaços de azulejos repousando sobre arquivoltas, um desenvolvimento dos frontões curvos da torre da Matriz do Passo. A mesma terminação é vista na igreja da Saúde. Esta terminação de torre, se for anterior ao séc. XIX, é excepcional, pois só naquele século se tornou comum. O corpo principal da fachada apresenta frontão rococó de época tardia, semelhante ao da igreja do Seminário de Belém da Cachoeira. No interior existem três altares barrocos. O da capela-mor segue a linha da Conceição da Praia e Santa Casa de Misericórdia. O teto da nave, de autor desconhecido, é do tipo que prevaleceu nas igrejas brasileiras até o começo do séc. XVIII, isto é, caixotões com painéis pintados, no caso, alusivos aos quatro Evangelistas. O desenho do forro é semelhante ao das igrejas da Ordem 3ª de São Francisco e convento do Desterro.
Histórico arquitetônico: 1742 - A igreja de N. S. da Penha de França e Senhor da Pedra de Itapagipe foi, segundo a tradição construída nesse ano pelo Arcebispo D. José Botelho de Mattos, como capela privada de seu palácio de verão; 1759/60 - Cria-se a freguesia de N. S. da Penha, sendo 1º vigário o Pe. Manoel Azevedo, da Ordem de São Pedro. A igreja é elevada à categoria de matriz; 1767 - Morre e é enterrado na capela D. José Botelho de Mattos. O Arcebispo lega, por testamento a igreja e palácio à Paróquia, com obrigações que esta recusa. O palácio que deveria ser incorporado ao patrimônio da coroa é doado, por ordem real, aos Arcebispos, como casa de repouso; 1813 - A partir desse ano até 1966 o palácio foi ocupado por diferentes corporações monásticas, como as irmãs do Bom Pastor, Sacramentinas, Franciscanas da Imaculada Conceição e Ordem das Carmelitas Descalças; 1870 A igreja sofre reforma. São abertas duas portas na fachada, substituindo dois óculos existentes; 1959 - Tendo ficado interditada durante o 2º quartel deste século para recuperação de todo o telhado, foi neste ano reaberta ao culto. Nesta oportunidade foi feita a restauração interna e colocada lápide de mármore comemorativa.
Fonte: Cd-room IPAC-BA: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia, Bahia, Secretaria de Cultura e Turismo.

- IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
Construída pelos escravos que não tinham permissão para freqüentar a Igreja da Penha, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário da Penha ficou pronta em 1802. Subordinada à Igreja da Penha, que é a matriz, é considerada capela e compartilha com a matriz o mesmo pároco, Jair Arlego. As missas são celebradas às sextas e domingos, às 18h. Somente na primeira sexta-feira do mês o horário é alterado para 19h.

Amado Bahia, grande comerciante de carne verde na Bahia do século XX, tinha o hábito de ir rezar diariamente na Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Em seu testamento deixou certa quantia destinada à reforma da igreja.

A capela tem atividades como catequese nas tardes de sábado, dois corais, Coral da Penha e o Coral Regina Sacratissimi Rosarii, além de grupos de jovens. O mês de outubro, consagrado como o mês de N. S. do Rosário, é o mês de maior comemoração. São realizadas missas festivas, recitais de musica, Procissão das Rosas do Rosário Vivo e outras festividades.

- SOLAR AMADO BAHIA
O solar foi construído pelo português Francisco Mendonça, casado com uma tia do proprietário. Situa-se no Porto dos Tainheiros, com fachada voltada para a enseada da Ribeira. A casa foi inaugurada em 1901. Francisco Amado Bahia, o patriarca da família, foi um grande comerciante da carne verde da cidade. Sua fortuna foi sendo constituída aos poucos, através dos sucessos com o comércio. Em 1956 a família doou a casa para os Empregados do Comércio da Bahia, para nela ser instalado um sanatório.

Os Empregados do Comércio desistiram do projeto inicial em 1966 e transformaram a casa no Centro Educacional Amado Bahia. O Solar, que já foi tido como um cartão postal da cidade, já teve 52 cômodos. Possui planta retangular, distribuída em dois pavimentos e mais um sótão. Possui corredor central e quartos dispostos transversalmente, como a maior parte das habitações urbanas brasileiras desse período. Esta distribuição se repete nos dois pavimentos. O prédio, em alvenaria de tijolo, está envolvido com varandas de ferro fundido, importados da Inglaterra. Possui estruturas em abobadilhas de chapa de aço, que são suportadas por colunas em estilo jônico.

As grades, que protegem o casarão da rua, possuem inspiração Neo-Gótica. A escada lateral, também em ferro fundido e com pisos em mármore carrara dá acesso ao pavimento nobre, com um amplo salão de recepção, com espelhos vindos da França e uma capela, com sala de oração, em estilo neoclássico. As pinturas dos tetos e das paredes são atribuídas ao pintor Badaró (o pai). Possui materiais de acabamento importados como os pisos de pastilhas coloridas nas varandas, o assoalho de pinho de riga nos salões e nos quartos, vidros franceses grafados e peças de louça inglesa. Hoje o solar ainda pertence à Associação dos Empregados do Comércio e nele são exibidos filmes pelo cine-clube Antonio Short, por iniciativas de adolescentes de Itapagipe. Desde julho de 2005, o Grupo Cultural Bagunçaço vem ocupando o Solar, em parceria com a Associação, em contrato de duração de trinta meses. No Solar estão funcionando a administração do Grupo Cultural, o Centro de Empregabilidade Juvenil e eventos culturais. O projeto do Bangunçaço prevê a transformação do Solar Amado Bahia em um Centro Cultural para Itapagipe com uma gestão de jovens.

- SOLAR MACHADO
Conhecido também como Casa Branca do Largo do Papagaio, o Solar Machado foi construído em 1915, por uma rica família portuguesa proprietária da fábrica Confecção e Tecidos Paraguaçu, estaleiros e depósitos no Porto de Salvador. O responsável pela construção foi o patriarca Manuel Machado. Seu filho, João Batista Machado, lhe daria uma neta que então se casaria com Álvaro Catharino, membro de uma outra influente família residente em Itapagipe. Por cinqüenta anos, as três gerações da família Machado ocuparam a Casa Branca do Largo do Papagaio. Não existem registros quanto a arquitetura do casarão. Possui um andar superior, acessado por uma escada toda de madeira, pé direito bastante alto, arejado com um grande número de janelas.

Todo o chão é em tablado de madeira, com o brasão da família impresso em diversos cômodos. O prédio não é tombado. Sofreu reformas em 1973, 1992 e a última entre 2004 e 2005. Em 1973, o Sesi – Serviço Social da Indústria passou a ocupar o Solar da Família Machado em regime de aluguel, passando a ocupar também o imóvel ao lado do Solar com o Clube do Trabalhador. Após três anos, adquiriu o casarão e recebeu de doação da Família o terreno e imóvel onde até hoje se encontra instalado em Itapagipe. Pela doação, a família estipulou uma exigência: a criação de um centro para idosos no local, que, desde então, é mantido pelo Sesi.

Em dezembro de 2004, o Sesi iniciou uma reforma que durou até o meado de 2005. O Solar Machado, que já servira como setor administrativo da instituição, será transformado no Centro Cultural Pedro Mariane. O projeto pretende proporcionar aos industriários, seus dependentes e a comunidade local o acesso a bens culturais.

- IATE CLUBE ITAPAGIPE
O Clube de Iate Itapagipe foi fundado em 1619 em uma estrutura em pedra e cal. Está localizado no centro da Ponta de Humaitá. Hoje é utilizado como ponto comercial por um bar. Segundo o Senhor Edson José Soares, aposentado, Padre Antonio Vieira residiu no Edifício do Iate Clube. Depois foi o português Pedro de Melo, que ficou exilado na casa e escreveu um livro: “Monte Serrat Antártico”. O livro narrava a época em os navios negreiros vinham da África e paravam aqui.

Segundo Senhor Edson, constava no livro a informação de que os negros descansavam no prédio para irem depois para engenhos próximos, na região de Feira de Santana, porém o edifício não foi uma senzala.

- REGATAS DE ITAPAGIPE
Evento esportivo mais tradicional da Península de Itapagipe, as Regatas de Itapagipe são disputadas desde 1901. A disputa acontece na Ribeira, ao longo da Avenida Porto dos Tainheiros, com largada na Penha. Tem a participação de quatro clubes: São Salvador, Esporte Clube Vitória, Clube de Regatas Itapagipe e Esporte Clube Santa Cruz.

Em 1904 foi criada pelos clubes a Federação de Regatas da Bahia, a fim de dirigir e incentivar a prática do esporte. A raia de remo de Itapagipe está definida em planta, isto é, oficializada, desde 1940, pelo Departamento Nacional de Portos e Navegação.

Durante os anos trinta a quarenta do século XX, a Companhia de Navegação Bahiana alugava, aos clubes, navios que ficavam ancorados na Ribeira, fora da raia. Cada Clube tinha o seu navio, de onde as pessoas assistiam às regatas ao som de bandas de jazz e com muita comida e bebida. A festa acontecia também em terra, atraindo pessoas de toda a cidade. Os páreos tinham padrinhos ilustres, como integrantes das famílias Tarquínio e Martins Catharino, Agenor Gordilho, Júlio Correa e outros. A rivalidade entre os clubes era grande e o remo tinha tanta importância para os torcedores como hoje tem o futebol. Até membros de uma mesma família brigavam por clubes diferentes. As Taças disputadas eram a Maria Luiza e a Olga. Hoje, não há a presença dos navios, mas a Regata ainda é festejada na Avenida Porto dos Tainheiros. Hoje a Regata de Itapagipe conta com uma arquibancada, de onde a comissão julgadora assiste à competição.

- ESPORTE CLUBE SANTA CRUZ
Fundado em 1° de fevereiro de 1904. Tem sede na Avenida Porto dos Tainheiros. Suas cores são azul e branco.

- ESPORTE CLUBE DE NATAÇÃO E REGATAS SÃO SALVADOR
Fundado em 1° de setembro de 1902. Sede na Avenida Porto dos Tainheiros. Cores: verde e branco.

- ESPORTE CLUBE VITÓRIA
Fundado em 13 de maio de 1899. A sede do Clube de Remo fica na Avenida Porto dos Tainheiros. Cores: vermelho e preto.

- CLUBE DE REGATAS ITAPAGIPE
Fundado em 1° de setembro de 1902. Cores: vermelho e branco.

- Associação Beneficente e Recreativa de Itapagipe - ABRI
Foi fundada em março de 2003. Atua no Campo do Lasca, na Avenida Porto dos Mastros. Promove jogos de futebol e ações sociais.

- LIGA DOS VETERANOS
Nasceu da união de velhos amigos que na juventude jogavam futebol na Praia do Poço, na Ribeira. Ao envelhecerem, aposentados e com tempo livre, decidiram fundar a Liga. A idéia surgiu com Antônio Costa que mobilizou seus amigos, o espanhol Manuel Raimundo Perez, Carlos Pinto da Silva, Hermano França, Walter Ottens Chaves, Claudemiro Pepi e Murilo. Em 13 de abril de 1967, cinco times estavam reunidos para fundar a LIVER (Liga dos Veteranos da Ribeira). Como o campo é a praia, os times só jogam na maré baixa, ou seja, de quinze em quinze dias. Todos os anos a Capitania dos Portos fornece à Liga a Tábua das Marés. Os jogos acontecem aos domingos, pela manhã, com presença da torcida. Os times Caravela, Caçonete, Bodião, Nikim Camarão 50 e Tubarão são compostos por jogadores de 50 anos para cima. Em campo, disputam nove jogadores de cada lado, oito na linha e um no gol. A partida tem dois tempos de 25 minutos cada, apitados por árbitros da própria Liga ou contratados.

A sede da LIVER só foi adquirida em 2000. Antes, as reuniões semanais dos times aconteciam no restaurante Catraia ou na residência de Perez. A Liga de Futebol mais antiga, com jogos ininterruptos em Itapagipe, possui estatuto e regimento interno. As eleições do Conselho Deliberativo acontecem anualmente. Cada atleta contribui com uma taxa única anual e além das partidas de futebol confraternizam-se através do jogo de cartas e dominó. Para manter viva a tradição da Liga dos Veteranos da Ribeira, são convidados jogadores jovens, filhos dos veteranos, para disputarem os jogos na Praia do Poço.

- CAMPO AREAL DE ITAPAGIPE
Foi construído em uma área aterrada, onde antes era mar. Está localizado no Beco do Areal, na Ribeira, próximo à Associação Sociedade Santa Cruz.

- CAMPO DO LASCA
Localizado na avenida Porto dos Mastros, próximo ao Largo do Papagaio, é bastante freqüentado, durante toda a semana. Entre os times que atuam no Campo, estão: Turma das Doze e 30; CVB - Clube de Veteranos do Baba; C50; Baba da Amizade; ABRI e Baba da Segunda Legal.

- CAMPO DO PAPAGAIO
Antes do Largo do Papagaio ser construído, existia no local o Campo do Papagaio. Era o campo de futebol mais freqüentado de Itapagipe e um dos mais importantes da cidade, perdendo apenas para o Campo da Graça, onde aconteciam as partidas oficiais. Muitos jogadores profissionais treinavam no Campo do Papagaio. Tinha quatro clubes: Flamengo, Humaitá, Empório e Clube Olímpico.

- SKATE
Após a Reforma do Largo do Papagaio, em 2003, jovens praticantes de skate passaram a utilizar a área, principalmente a escadaria em torno do busto de Simões Filho, que é também o nome oficial da praça. O Largo não possui equipamentos próprios para a prática do esporte, mas os skatistas tiveram a iniciativa de incluir barras de ferro em alguns pontos e fazem uso também das barras que decoram os bancos ou utilizam caixotes de madeira. Atualmente o Largo do Papagaio é o único espaço para a prática desse esporte na Península de Itapagipe e atrai também esportistas do Subúrbio. Os praticantes de skate se reúnem na praça todos os dias da semana, geralmente no início da noite.

- SORVETERIA DA RIBEIRA
A Sorveteria da Ribeira foi inaugurada em 1931 pelo italiano Mário Tosta. Ele fabricava e vendia pizza, e vendia também sorvetes, um dos primeiros estabelecimentos do ramo na Península. Em 1964, o atual dono, o espanhol José Lorenzo Hermida, veio para o Brasil procurar trabalho e encontrou na sorveteria. Anos depois, ele a comprou e o antigo dono foi para o Rio de Janeiro, onde montou uma fábrica de macarrão, seguindo a tradição, de fazer massas, de sua família italiana. Mário Tosta passou todos seus conhecimentos sobre os sorvetes para o Sr. José Hermida. Nos fundos da loja tem uma mini-fábrica onde os sorvetes são feitos e batidos, artesanalmente. As frutas são compradas na feira de São Joaquim na mão de um mesmo fornecedor há mais de 30 anos e a casquinha é comprada há 10 anos na mão de Rosângela Oliveira. A tradição está presente também com os funcionários. O mais antigo e famoso do local é José de Jesus Almeida, conhecido como Chumbinho, devido à sua rapidez para atender as pessoas quando começou na sorveteria em 1974. Outra sorveteira antiga é Jocileide de Almeida, que trabalha lá desde 1987 e que, além de fazer sorvetes também cuida da parte administrativa. Além deles, mais seis atendentes trabalham no local e outros três são contratados para os dias mais movimentados.

A sorveteria, que tem uma localização privilegiada na Ribeira, é reconhecida como ponto turístico na cidade, atraindo pessoas de todos os bairros, cidades e países. O verão é a época em que os sorvetes são mais vendidos, e os sabores mais procurados são os de coco, chocolate, tapioca, ameixa, os chamados cremosos. Um dado curioso é que o sorvete de tapioca foi inventado na Sorveteria da Ribeira e foi patenteado e levado pra outros países, fazendo um enorme sucesso lá fora. Outros sabores famosos e os campeões de venda são os de frutas como mangaba, cajá e pitanga, que é feito só na época da fruta.

- PASTEL DA RIBEIRA
A Pastelaria da Ribeira foi inaugurada em 1988 quando Sr. Benedito Alves, conhecido como Seu Bené, comprou uma antiga lanchonete que ficava no mesmo local da atual pastelaria, aproveitando sua experiência como pasteleiro, quando trabalhou em 1970 numa pastelaria chinesa em Salvador. Os pastéis são feitos pelo próprio Bené e seus ajudantes. A massa é feita no local e o pastel é recheado e frito na hora que o cliente pede. Se quiser, o cliente pode ver, através de um vidro, a confecção do pastel. Segundo Seu Bené, nas outras pastelarias o produto é semi-pronto, e a sua a pastelaria é uma das únicas a fazer o pastel desse jeito.

Na pastelaria trabalham três pessoas e, nos dias de pico, mais uma é contratada para atender aos pedidos. Queijo, misto, carne e queiro catupiry são os sabores mais pedidos dos 29 sabores da pastelaria. Além de pastéis, são vendidos também sucos, sanduíches, refrigerante, cerveja, salgadinhos, doces, chocolates, balas e chicletes. As vendas aumentam mais a partir de novembro, na chamada alta estação. A tradição, o sabor e a paisagem bucólica são os atrativos para os consumidores visitarem a pastelaria, que fica na Praça General Osório, número 93, Ribeira.

- INSTITUTO DE CULTURA BRASIL ITÁLIA EUROPA
O prédio onde funciona o Instituto de Cultura Brasil Itália Europa pertencia à família Amado Bahia, provavelmente a um neto do patriarca. Foi restaurado para dar lugar ao instituto. Está localizado na Avenida Porto dos Tainheiros, n° 36, próximo aos clubes de remo. A casa remonta ao início do século XX e é composta de três pavimentos: um térreo e mais dois andares. No térreo têm um pequeno salão, três locais para depósito e dois sanitários, com um grande pátio. No primeiro andar possui um salão de festas que será usado para mostras e projeções de filme, um salão de leitura e um outro onde está instalada a Biblioteca do ICBIE. Todos os cômodos apresentam assoalhos de madeira nobre, sem alterar a estrutura original.

O fundador do Instituto Brasil Itália Europa, Pietro Gallina, sua esposa Marlene e um grupo de professores e artistas criaram o centro de cultura, uma biblioteca, um teatro e uma escola. Escolheram o lugar para estar mais perto de pessoas menos favorecidas, além terem considerado o prédio como ideal por estar localizado também em um local agradável. O instituto fornece cursos ligados a artes como pintura, graffiti, cinema, teatro, dança, música, poesia, literatura brasileira e estrangeira e outros. Site do Instituto Brasil Itália Europa: http://www.icbie.com

- CORAL REGINA SACRATISSIMI ROSANII
(nome em latim de Rainha do Sacratíssimo Rosário)
O coral existe há cerca de trinta anos, fundado inicialmente com alunos do Colégio João Florêncio Gomes. A idealizadora foi Terezinha Bandeira, coordenadora do Colégio no turno da noite. Como os alunos já haviam formado um grupo para cantar durante as comemorações do mês de Maria, ao término das atividades Terezinha contratou uma regente para dar prosseguimento aos estudos do coral. Com o passar dos anos, o vínculo dos componentes, assim como da própria fundadora, com a Igreja de N. S. do Rosário resultou na transformação do antigo coral particular em um grupo sacro. Batizado em latim de Regina Sacratissimi Rosarii, o coral é formado por cerca de 25 pessoas, com idades entre 35 a 80 anos. Em datas comemorativas o Coral faz grandes apresentações mesclando teatro e música, a exemplo da Oratória da Paixão realizada na Páscoa quando o grupo é ampliado para um número de cinqüenta pessoas. O Regina Sacratissimi Rosarii já percorreu várias cidades do interior fazendo apresentações, além de participar de eventos como encontros de corais realizados na Reitoria da UFBA.

Formado por quatro vozes e contando atualmente com uma regente de 92 anos, executa um repertório meio clássico, clássico e popular, com músicas sacras e profanas. Os ensaios acontecem todos os sábados, à noite, na Igreja do Rosário, Ribeira.
 
Cais da Ribeira
Porto dos Tainheiros
 
 
Curiosidades
- SEGUNDA-FEIRA GORDA DA RIBEIRA
A festa da Ribeira surgiu como um prolongamento da Lavagem da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim. Acontece na segunda-feira seguinte à festa do santo. Comerciantes e foliões passavam a madrugada do domingo comemorando no Bonfim e de lá migravam para a Ribeira, para continuar a festa. Com o passar do tempo, a comemoração foi se tornando mais conhecida e entrou para o calendário festivo da cidade. De tão celebrada, foi considerada uma prévia do carnaval baiano. A rádio Excelsior e a rádio Sociedade organizavam o Grito do Carnaval, uma espécie de abertura da folia momesca. Os grandes blocos da cidade faziam apresentações, como um ensaio para o carnaval oficial, lançando as músicas que fariam sucesso nas avenidas.

A festa começava antes mesmo de terminar a do Bonfim, mas era somente à noite que os barraqueiros se transferiam de fato para a Ribeira. Era uma festa com participação de famílias, que assistam ao desfile de pranchas e blocos de carnaval. Hoje a festa perdeu o destaque que possuía entre as comemorações da cidade. Não há a participação de blocos carnavalescos, mas continua atraindo foliões, principalmente entre a juventude do bairro e da vizinhança.

- CARNAVAL
O Carnaval de Bairros marcou a história das festas em Itapagipe. Blocos desfilavam nas avenidas, na Segunda Feira Gorda da Ribeira e durante a semana do carnaval. Havia o desfile das “pranchas”, que eram carretas ou bondes nos quais as pessoas subiam tocando pandeiros. O Bloco “Velhinhos Transviados” saía da Massaranduba em direção ao Uruguai, bairro onde o carnaval era mais popular. Além das festas nas ruas, os clubes promoviam bailes de mascarados. Os mais famosos eram do Clube de Regatas Itapagipe. Os blocos mais conhecidos eram: “Os amigos da Vovó”, “Comunicação”, “Mocidade Itapagipana”, “Ketchup”, “Mariposas de Roma”, “Rapadura com Coco” e “Os Peninsulares”, fundado pelo Clube de Regatas Itapagipe. Havia também o cordão de homens brigões, o bloco “Os Miseráveis”. O bloco “As Sapatontas” foi fundado na Avenida Porto dos Mastros e sai no sábado de carnaval, com os integrantes travestidos de mulheres. Na península havia três “mudanças”, blocos que traziam críticas sociais e políticas, usavam máscaras e fantasias toscas: uma da Ribeira, outra que saía da Massaranduba e outra do Uruguai. No “Encontro do Jegue de Cueca com a Jega de Calçola”, um grupo de fantasiados saía do Uruguai com um jegue vestido com uma grande cueca enquanto outro grupo saía da Massaranduba com uma jega vestida de calçola. Nessa brincadeira, os grupos faziam um encontro dos grupos no Caminho de Areia.

- FAMÍLIA AMADO BAHIA
Francisco Amado Bahia trabalhou como dono de açougue, começando com um pequeno negócio até chegar ao controle da carne-verde na cidade. Mesmo com todo prestígio e dinheiro, a família, e principalmente o patriarca, mantinha uma simplicidade, era generoso e não gostava de meter-se em assuntos de política. Amado Bahia foi casado por 35 anos com Clara Amado Bahia e, quando esta faleceu, ele casou com a própria cunhada, Agostinha Amélia, fato que foi aceito com naturalidade pela família. Teve 13 filhos e 67 netos, e embora não tivesse concluído os estudos, fazia questão que todos os seus filhos e netos estudassem. Em seu testamento, Francisco Amado Bahia, além de beneficiar os herdeiros diretos e outros familiares, destinou uma quantia para o culto à Nossa Senhora da Conceição e outra destinada ao conserto da Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

- FAMÍLIA MACHADO
Proprietário da Fábrica Confecções e Tecidos Paraguaçu, Manuel Machado era o patriarca dessa rica família, de origem portuguesa. Além da Fábrica, eram proprietários do Solar Machado, localizado no Largo do Papagaio. A neta de Manuel Machado casou-se com Álvaro Catharino, uma das mais influentes famílias da cidade, proprietária de terras e da fábrica de tecidos no bairro de Plataforma.

- FAMÍLIA DÓREA
A família do Doutor Dórea era bastante numerosa. Possuíam um casarão no Largo da Madragoa. Tinham o costume de realizar bailes à fantasia no dia do Grito de Carnaval, na Ribeira, convidando as famílias conhecidas.

- FAMÍLIA PEREIRA
Moravam na Avenida Porto dos Mastros e eram proprietários da Casa Ande, de material esportivo, localizada no Largo da Madragoa. O chefe da Família era um português casado com uma senhora de nome Olga.

- FAMÍLIA BRITO
O Senhor Secundino Brito era o proprietário da Farmácia Brito, estabelecimento bastante freqüentado e conceituado entre a classe média. Era também o administrador do jardim no Largo da Madragoa.

- FAMÍLIA GROBA
O Senhor Jaime Groba era proprietário da Pastelaria Las Palmas. Esse estabelecimento, segundo dizem, possuía um luxo que a diferenciava das demais casas comerciais. Vendia frutas importadas que só eram encontradas lá. Nos fundos, havia uma mesa de bilhar muito utilizada pelos jovens do SPP – Sindicato dos Parasitas Perpétuos.

- FAMÍLIA ALMEIDA
O Senhor Valter Almeida mora no bairro da Massaranduba desde que nasceu. Sua mãe, Alzira de Alencar, foi presidente do bloco de carnaval “Velhinhos Transviados” e por muitos anos participou como baiana na Lavagem da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim. A senhora Alzira de Alencar promovia festas de carnaval e bailes e foi uma das principais organizadoras do carnaval da Massaranduba.

- BANCO DOS VADIOS
O Banco dos Vadios nasceu na década de 1940 quando um grupo de quatorze senhores se reuniu no fim de tarde, embaixo de uma Nogueira (árvore) plantada por eles próprios na Praia do Bogari, na Ribeira, onde hoje está instalada a sede do clube Cabana do Bogary. Ali se concentravam militares, bancários, advogados, aposentados, para conversar sobre a pesca, a política, esporte ou simplesmente para apreciar a vista. Desta confraternização nasceu o hábito do jogo de dominó. A primeira partida foi disputada em cima de uma caixa de pescador.

Com a construção da sede do Cabana do Bogary, o Banco dos Vadios foi sendo empurrado para mais longe, perdendo seu posto embaixo da Nogueira. O primeiro banco de fato foram duas bandas de uma canoa furada que eram usadas como assento. Durante a prefeitura de Lídice da Mata, o espaço ocupado no passeio da Av. Beira Mar foi calçado e recebeu bancos e mesas de concreto para os jogos. Naquela época além do dominó já se praticava também o jogo de cartas. Recentemente a melhoria veio com a instalação de um toldo e iluminação pelo deputado Marcelo Guimarães, que já freqüentou o local.

Hoje as atividades do Banco dos Vadios são diárias, sendo interrompidas apenas pelo horário do almoço. Durante o dia é possível encontrar os aposentados, a exemplo do Sr. Francisco Fortuna, Seu Chico, com 89 anos, aposentado do Banco do Brasil, o único sobrevivente do grupo fundador do Banco. A noite é reservada para os que trabalham durante o dia. O Banco dos Vadios é um espaço de convivência democrático, freqüentado inclusive pela juventude, onde a única proibição é o consumo de bebidas alcoólicas.

- FAMÍLIA SHORT
Numerosa família que ainda reside em Itapagipe, teve como principal membro Aloísio da Costa Short, um político atuante, deputado durante 24 anos, professor e serventuário da Justiça. Filho de Esther América Ramos da Costa e João Paulino Short, um descendente de irlandeses, Aloísio da Costa Short nasceu em 29 de dezembro de 1906 e morou, desde a infância, na Ribeira. Foi Secretário de Educação e Cultura de Salvador, no governo de Antônio Balbino e entre suas ações de destaque estão a implantação do curso de colégio no Ginásio de Itapagipe e a inauguração de colégios, como o Curso Pedagógico Alípio França. Foi eleito sucessivamente deputado na Constituinte Estadual entre 1947 e 1959, e Suplente de Deputado Federal pela UDN, de 1962 a 1967, sendo eleito deputado estadual novamente em 1966, pela Arena. Seu sobrinho, Antônio Roberto Barreto Short, foi poeta e ficou conhecido como “poeta da praça”.
 
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