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CALÇADA / ROMA

A construção da Viação Ferroviária Leste Brasileiro - Estação Leste, em 1862, fez nascer o bairro da Calçada. O bairro foi o primeiro pólo rodoviário intermunicipal e interestadual. Em meados do século XX, 1948-1950, a Calçada já se constituía enquanto bairro, onde realizavam-se grandes carnavais, com desfile da rainha do carnaval, acompanhada de ônibus elétrico da Cidade Alta. A Calçada, hoje, está predominantemente ligada ao comércio e continua sendo ponto de partida e chegada dos usuários dos trens da Antiga Leste. O Largo de Roma, também conhecido como Praça da Bandeira abriga no seu entorno a sede das Obras Sociais de Irmã Dulce, o antigo Cine Roma além do Abrigo Dom Pedro II.

 

 
Área
PENÍNSULA E COMÉRCIO
 
 
Na Mídia
:: PONTO DE ENCONTRO
CORREIO DA BAHIA, 27.09.1997, p. 16, Bruno Quintanilha
:: CALÇADA, DIA E NOITE EM ALTA ATIVIDADE
TRIBUNA DA BAHIA, 25.10.2001, Cidade, pg. 9, Adriana Patrocí
:: COMÉRCIO SOB O ASFALTO SE MANTÉM VIVO NA CALÇADA
TRIBUNA DA BAHIA, 08.06.2006, pg.11, Meire Oliveir
:: PRÉDIO DA FRATELLI VIRA CASA DE SHOWS
A TARDE, 25.01.2004, P. 5, Mary Weinstein
 
Atrativos
- PRAIA DE ROMA
Em frente à Rua Professor Roberto Correia.

- PRAIA DO CANTA GALO
Atrás da Rua Barão de Cotegipe. Nessa praia, o início da faixa de areia coincide com a entrada das casas.

- LARGO DE ROMA
A denominação do Largo de Roma tem origem nos séculos XVIII e XIX, quando “existia ali, entre o largo e o mar, uma casa chamada“ ROMA ”com uma capela à invocação de Nossa Senhora de Roma, construídas pelos carmelitas calçados”. Segundo a Diretora da Escola Simões Filho, Norma Batista, o Largo de Roma era um centro de lazer em Itapagipe, onde circos e parques eram instalados e famílias de ciganos montavam acampamentos.
Também conhecido como “Praça da Bandeira”, o Largo de Roma é ponto de encontro de três principais vias da Península de Itapagipe: Caminho de Areia, Avenida Dendezeiros e Avenida Luís Tarquínio. Suas ruas adjacentes ainda preservam as características do passado, com velhas árvores e ruas de paralelepípedos. O Cine Roma era um dos seus grandes atrativos. Hoje está sendo reformado para a Construção da Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, pela Associação Obras Sociais Irmã Dulce, que também se localiza nesse logradouro, entre a Avenida Dendezeiros e a Avenida Luiz Tarquínio. Em homenagem à religiosa e à ação que realizou junto à população carente, o Largo de Roma passou a ser nomeado “Praça Irmã Dulce”. Além dos prédios ocupados pelas Obras Sociais de Irmã Dulce, o Largo de Roma tem em seu entorno o Conselho Tutelar de Roma, órgão municipal que zela pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, o Hospital São Jorge, a Fundação Cidade Mãe e um pequeno comércio.

- CINE-TEATRO ROMA
Em sua época áurea, o Cine-teatro Roma abrigava, nos finais de semana, várias manifestações, principalmente musicais. Muitos artistas da cidade, que fizeram sucesso, passaram por lá, como por exemplo, Valdir Serrão, Raul Seixas, a dupla Tom e Dito, Antônio Carlos e Jocafi. Alcimar Costa Silva, autor de um livro sobre a Península de Itapagipe, conta que “vários grupos de jovens tinham o costume de se reunir, à noite, para tocar e fazer música na porta de casa. O segundo passo era trocar o violão pela guitarra para, no momento do Cine Roma, quem sabe estourar. Uma vez bem aceito, o terceiro passo era se apresentar em um desses programas de calouro de rádio ou televisão, daí saía para o sul do país. Desses grupos saíram grandes músicos”.

Muitos cinemas na Bahia, nos anos 50 e 60 eram propriedades de associações católicas, como é o caso do Cine Roma, importante fonte de renda para o Circulo Operário da Bahia. O cinema estava sempre cheio, e o público, na sua maioria, era de estudantes. As matinês de domingo eram concorridas. Durante a semana, à tarde, eram feitas projeções de dois filmes. O filme dos Beatles, por exemplo, bateu recorde de bilheteria no Cine Roma, que chegou a ter a maior tela de todos os cinemas da cidade. Hoje no prédio do antigo Cine Roma está sendo construída a futura Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em homenagem à congregação que abrigou Irmã Dulce.

- ESTAÇÃO DE TREM DA CALÇADA
Construída em 1936 e inaugurada em 28 de junho de 1860, a estação de trens de Salvador foi aberta com o nome de Estação Jequitaia e já foi chamada de “Baía e Estação da Calçada”. Está localizada no Largo da Calçada e liga a Calçada ao subúrbio ferroviário, mas já foi uma importante ligação entre Salvador e as cidades do recôncavo.

Havia uma linha de trilhos que ligava a Estação da Calçada ao porto de Salvador, sem paradas intermediárias. Até o início da década de setenta, do século XX, essa linha percorria toda a extensão do cais do porto, mas com a construção de terminal de containers, naquela mesma década, o ramal ferroviário passou a chegar só até o terminal ferroviário do porto.

Os trens que trafegavam para o porto carregavam somente minério de magnesita, pois a “Empresa Magnesita tinha um terminal de exportação ao lado do parque de containers”. Os trens cruzavam as avenidas da cidade baixa, passando por dentro da Feira de São Joaquim, bem rente às barracas. Por isso, só podiam trafegar no horário da madrugada. Com a construção do Porto de Aratu, a linha férrea ligando a Calçada ao porto de Salvador deixou de ter utilidade e foi desativada na segunda metade da década de noventa. Os trilhos ainda existem no local, cobertos pelo asfalto, mas ainda visíveis em alguns pontos do Largo da Calçada e em São Joaquim.

Em 1925, houve na Estação da calçada a recepção das tropas baianas que participaram da batalha em Catanduvas, pelo Governador Góis Calmon. A Estação de trens da Calçada sofreu uma grande reforma em 1936 e outra em 1981. Hoje ela é administrada pela CBTU – Companhia Brasileira de Transportes Urbanos e no seu interior guarda uma antiga locomotiva movida a vapor, do modelo da Maria Fumaça.

- OBRAS SOCIAIS DE IRMÃ DULCE
A história da instituição começou em 1949, quando Irmã Dulce, conhecida como “Anjo Bom”, abrigou seus primeiros 70 doentes no galinheiro do Convento das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Dez anos depois, em agosto de 1959, nascia no local a Associação Obras Sociais Irmã Dulce, uma instituição filantrópica. A primeira década das Obras foi marcada pelo apoio voluntário de médicos e amigos e pelas peregrinações de Irmã Dulce em busca de alimentos, remédios e doações para seus pobres e doentes. Em 1983, é inaugurado o novo Hospital Santo Antônio que hoje é o maior hospital do Brasil em atendimento integral pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A entidade congrega a excelência técnica e o pioneirismo em práticas de humanização no atendimento à população de baixa renda. Desenvolve em seus 13 núcleos ações nas áreas de Saúde, Assistência Social, Educação, Pesquisa Científica, Ensino Médico e Memória, incluindo em seu painel de serviços atividades que vão do atendimento básico à pesquisa de ponta.

Irmã Dulce morre em 13 de março de 1992, mas a força de sua obra não diminui, foi dada continuidade a construção da Igreja da Imaculada Conceição, situada no Largo de Roma, no prédio do antigo Cine Roma. Tem 400 metros quadrados de área construída, com uma área externa de dois mil metros quadrados. O revestimento externo é todo feito com tijolos aparentes dando uma aparência singular e antes contava com vitrais multicoloridos que não existem mais. Seu piso é de lajota vermelha, da cor dos tijolos. A nave central tem capacidade para 300 pessoas, com púlpitos internos e externos, além de altares, sacristia, dormitórios e área de ventilação.

- ABRIGO D. PEDRO II
Situado na Av. Luis Tarquínio, nº 18, o Abrigo D. Pedro II já foi a antiga residência da Família Machado e hoje funciona como abrigo para idosos. Solar urbano da 1ª metade do século XX é considerado a maior casa de residência conhecida na cidade. É constituído de um bloco em três lances: um central e dois laterais, todos ligados entre si. O prédio tem um tratamento neoclássico e também segue a linha de alguns palácios e urbanizações barrocas do século XVII e XVIII. A entrada do edifício é precedida de um pátio gradeado, com colunas adornadas por estatuas neoclássicas e jarros de louça da fábrica de Santo Antonio do Porto.

Segundo a tradição, sua fachada principal era originalmente voltada para a Marinha. Apenas jardins separavam o prédio do mar, mas atualmente foram construídos pavilhões novos entre o asilo e a vista. Internamente os cômodos do Asilo são amplos, conservando as antigas dimensões. Depois de ser uma casa de nobres, depois passou a ser considerado leprosário, como uma colônia para abrigar pacientes com hanseníase, porque se acreditava que banho de mar curava a doença e o edifício está localizado na frente de uma área de mar. Depois passou a ser o Asilo de Mendicidade da Bahia e em 1887 foi transformado em casa para abrigar apenas idosos carentes. Hoje é a sede do Asilo D. Pedro II que cuida de 124 idosos, com idade mínima de 60 anos. O abrigo é uma residência, onde os idosos dormem, fazem três refeições, três lanches e possuem dormitórios coletivos com camas individuais, homens em um prédio e mulheres nos outros três edifícios.
 
Abrigo D. Pedro I
Praça da Bandeira
 
 
Curiosidades
- FAMÍLIA VITA
O Senhor Miguel Vita era proprietário da Fábrica Fratelli Vita, de refrigerantes e vidros, nos anos quarenta do século XX. Sua esposa chamava-se Marfisa. Sua fábrica passou a produzir peças de cristal, muito apreciadas por importadores estrangeiros.

- FAMÍLIA TARQUÍNIO
Luiz Tarquínio nasceu em 1844, de origem humilde, autodidata, empregado do comércio, tendo como patrão o inglês João Gaspar Bruderer. No final do século XIX, fundou a Companhia Empório Industrial do Norte e uma Vila operária confortável e digna para os empregados. Foi um dos mais importantes industriais do Estado da Bahia e suas idéias eram consideradas avançadas para o período em que viveu. Casado com Adelaide Tarquínio, Luiz Tarquínio foi diretor da Associação Comercial da Bahia e escreveu um livro no qual sugeria uma abolição gradual da escravatura, além de defender direitos dos trabalhadores.

FAMÍLIA GONÇALVES DOS ANJOS
Anísio Gonçalves dos Anjos é o patriarca da família, morador do bairro do Jardim Cruzeiro desde 1950. Foi fundador da Associação de Moradores e Escola União Comunitária e um dos principais líderes dos movimentos sociais pela melhoria de infra-estrutura e educação no bairro, atuando como representante dos moradores e ajudando diretamente na construção das casas e aterro das ruas. Como forma de homenagem, o Senhor Anísio Gonçalves dos Anjos dá nome a uma rua do bairro.

FAMÍLIA COSTA
Paulo Costa foi uma liderança marcante do movimento para a fundação do bairro de Vila Rui Barbosa, em 1948. Atuou na construção das casas e nas reivindicações junto à prefeitura, pela conquista das áreas aterradas para sua transformação em área de moradia.

- VISITANDO OS SOLARES
Entrando na península pela Calçada, o roteiro de visita aos casarões de Itapagipe pode começar seguindo o Largo de Roma em direção à Avenida Luiz Tarquínio. A primeira parada é nessa avenida, no Abrigo D. Pedro II, que já foi local de moradia da Família de sobrenome Machado. Continuando o trajeto seguindo pela Rua Imperatriz em direção ao Bonfim, o visitante poderá apreciar o conjunto arquitetônico do casario da Boa Viagem, além de poder fazer uma parada na Igreja da Boa Viagem, do século XVIII.

No Bonfim, o Solar Marback é a atração. O casarão azul do século XVIII foi construído no tempo em que no local só havia a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim. Seguindo a Rua Travassos de Fora para a Ribeira, a próxima parada é o Largo do Papagaio. Anexo ao Clube do Sesi está o Solar Machado, a Casa Branca como era conhecido, que será transformado em Centro Cultural pelo Sesi. Continuando na Ribeira, seguindo para a Avenida Porto dos Tainheiros, o mais famoso casarão de Itapagipe, o Solar Amado Bahia já foi um dos principais pontos turísticos da cidade. Ao lado, na mesma avenida, muitas casas ainda conservam a arquitetura antiga, como o casarão de n° 36, pertencente ao Instituto de Cultura Brasil Itália Europa.

- AVANÇOS SOBRE O MAR
Com o aterro do manguezal da Península de Itapagipe, novos bairros foram surgindo, no decorrer da segunda metade do século XX. Bairros como Uruguai, Jardim Cruzeiro, Vila Rui Barbosa, Massaranduba, Baixa do Petróleo, Bairro Machado e Alagados foram construídos onde antes era mar e manguezal. A região é densamente povoada e pode ser percorrida através de becos e ruelas, que interligam os bairros.

Entrando pelo Uruguai, na Rua Direta, hoje chamada Rua do Uruguay, há o Shopping Bahia Outlet Center, centro comercial de confecções que atrai pessoas de diversas áreas da cidade. A rua termina no Final de Linha do Uruguai, onde está localizado o Espaço Cultural Alagados, o antigo Cine-Teatro Alagados e ao lado, a Igreja de Nossa Senhora dos Alagados. Ao fundo ainda é possível avistar habitações de palafitas e a Ilha do Rato.

Seguindo pelo Jardim Cruzeiro, na Rua Anísio Gonçalves está a sede do Grupo Cultural Bagunçaço, a Associação União Comunitária e a Paróquia de São Jorge. Pela Rua Resende da Costa é possível chegar à Avenida Caminho de Areia e a outros pontos do Jardim Cruzeiro.

- ENTRE ALAGADOS
Na região da península construída a partir dos aterros da maré, igrejas de diferentes religiões se distribuem entre ruas e avenidas. A Rua Luiz Régis Pacheco e a Rua Direta, ambas no Uruguai, são vias de acesso à Igreja de Nossa Senhora de Alagados, maior igreja católica da região. Através da Rua Resende da Costa na Massaranduba é possível chegar à Igreja de Nossa Senhora da Massaranduba, e à Capela de Nossa Senhora de Fátima. Através da Rua Anísio Gonçalves, tem-se acesso à Igreja de São Jorge, no Jardim Cruzeiro.

As igrejas evangélicas estão distribuídas por todos os bairros, como na Rua do Uruguay, na Rua 6 de Janeiro, nas ruas da Massaranduba e dos outros Bairros. Igrejas como a Igreja Evangélica Batista Nova Esperança, A Igreja Batista Itapagipe, na Massaranduba, entre outras. Entre os Centros Espíritas se destaca o Centro Espírita Cavaleiros da Luz, no Uruguai. São exemplos de terreiros de candomblé da região: o Terreiro de Oxossi Mãe Lindaura Casa Branca, Na Rua 6 de Janeiro, e o Terreiro de Mãe América, na Massaranduba.

- DA CALÇADA À PENHA
Partindo da Calçada para a Ribeira a primeira Igreja do trajeto é a católica Igreja de Nossa Senhora dos Mares, no Largo de mesmo nome. Na Rua Fernandes da Cunha a Igreja Batista dos Mares é referência como igreja evangélica. No Largo de Roma, o antigo Cine-teatro Roma está sendo reformado para abrigar a Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em homenagem a Irmã Dulce.

Seguindo a Avenida Luiz Tarquínio até o Bonfim, as históricas igrejas católicas são centros de oração e de turismo. Pode ser feito um roteiro de fé católico, entre a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem e a Igreja de Nossa Senhora da Penha, na Ribeira. No Monte Serrat, há a Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat na Ponta do Humaitá e o Convento da Sagrada Família, na Rua Plínio de Lima. No Bonfim, além da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, outros pontos católicos são as antigas casas dos romeiros, ao redor da igreja e o Colégio São José, tradicional centro de ensino.

Na Ribeira, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, próxima ao Largo da Madragoa, é uma primeira parada antes da Igreja de Nossa Senhora da Penha, em frente à praia de mesmo nome. Entre os terreiros de candomblé são exemplos o Kunzó Roxe Amboré, na Travessa Domingos Rabelo e o Ilê Axé Omim Deí, na Rua dos Tamarindeiros, Ribeira e o Omi Leui, na Rua Segundo Barreiro, Monte Serrat.

- FÁBRICAS
A ocupação da Península de Itapagipe por Fábricas e Indústrias iniciou-se com a construção da Fábrica de Luiz Tarquínio, A Companhia Empório Industrial do Norte e a Fábrica da Penha, no final do século XIX. Mais tarde, na década de quarenta do século XX, a península conheceu um desenvolvimento industrial que a transformou em pólo e modificou seu aspecto urbano e social.

Entre as indústrias que se instalaram em Itapagipe, destacam-se as de processamento de produtos agrícolas como a Souza Cruz, de tabaco, a Johanes Industrial, a Daw Química, a Barreto de Araújo e a Chadler, de processamento de cacau. Além dessas, as fábricas de produção de sabão, a Amaral Comércio de Papéis, a Fratelli Vita, de vidros e refrigerantes, Fábrica São João, Fábrica Paraguaçu, Fábrica da Fias, Bhering, Toster e Crush. Ao todo foram cerca de 30 fábricas instaladas em toda a Península de Itapagipe.

Além de atrair uma população de baixa renda interessada no novo mercado de trabalho, as fábricas deram início ao um processo de poluição do meio ambiente da península. Algumas fábricas como a Chadler foram alvos de ações conjuntas de moradores pelo seu fechamento, por causa das doenças geradas com a poluição. Com a construção do Centro Industrial de Aratu, a cidade ganhou um novo pólo industrial. Algumas fábricas foram transferidas e outras fecharam. Muitos dos galpões das antigas fábricas estão abandonados ou já foram demolidos. O fim do pólo industrial de Itapagipe acabou com a principal fonte de poluição na península, porém trouxe um novo problema: o desemprego.

- ALAGADOS
Atraídas pelas fábricas que se instalaram na Península de Itapagipe a partir dos anos de 1940, muitas famílias, principalmente vindas do recôncavo baiano, vieram instalar-se ao longo da região de mangue da enseada dos Tainheiros. Como não dispunham de condições financeiras para adquirir um imóvel, compravam a preços módicos um espaço nas áreas lodosas de manguezal (e mais tarde, com os sucessivos aterros, na própria maré) e levantavam precárias palafitas, constituindo o conjunto habitacional que se popularizou como Alagados. Do processo de ocupação e aterro da maré surgiram bairros inteiros a exemplo do Uruguai e do Jardim Cruzeiro. O mais popular deles foi o bairro de Alagados, por isso usado como símbolo dessa ocupação. Segundo Alcimar Costa Silva, escritor de livro sobre a península, as palafitas eram construídas em marcações chamadas “latifundiágua”. Entre as primeiras famílias, estavam moradores da Ilha de Maré, o que originou a denominação de “Maré” para quem morasse nas áreas alagadas.

O manguezal aos poucos foi sendo aterrado com lixo vindo de diversas partes da cidade. Como era uma prática proibida, os caminhões chegavam ao local à noite. Durante o dia a Marinha retirava as palafitas, mas no dia seguinte elas tornavam a ser construídas. A população do local empreendeu uma luta social que durou muitos anos, em busca da conservação das habitações nas áreas ocupadas e por um projeto de saneamento básico e urbanização. Com o projeto do Governo Federal, que acabou com muitas palafitas e formou os novos bairros, foi usado areia das praias de Itapagipe para aterrar novas áreas, construindo ruas e avenidas nas regiões alagadiças.
 
Personagens
- JOSELITO CRISPIM S. DE ASSIS
Joselito Crispim dos Santos de Assis é o fundador e cordenador geral do Grupo Cultural Bagunçaço, uma entidade que trabalha com jovens de Alagados através de reciclagem de lixo na confecção de instrumentos musicais, além de outras ações. Nascido em 1971, fundou a entidade com apenas 20 anos, em 1991, em Alagados, onde nasceu e sempre morou. Tem formação de padeiro, mas hoje se classifica como arte-educador. Joselito produziu um filme em 35mm chamado Ilha do Rato, ganhador do prêmio de melhor produção do Nordeste pelo Panorama Coisa de Cinema.

- ANTÔNIO BATISTA
Antônio Cruz Batista ensina xadrez para adolescentes. Nascido em 1955, ele começou a jogar xadrez aos vinte anos, com um amigo de infância e desde então se tornou apaixonado pelo jogo. Nos anos de 1977 e 1978 disputou e ganhou campeonatos no SESC. Em uma oficina do “Projeto Escola Aberta”, em 2005, começou a ensinar para os estudantes na Escola Municipal Hilberto Silva, que fica na Baixa do Fiscal, região do bairro do Uruguai. Ensina a jovens também no Centro Social Urbano da Liberdade, em um projeto da Setras: “Cidadania – Pensar no Global, agir no Local”. Senhor Batista considera as aulas que ministra como sua missão social e pretende buscar apoios para levar o projeto adiante. Antônio Batista afirma que “O xadrez é um ótimo jogo para ser ensinado em escolas já que ele impulsiona a imaginação, o desenvolvimento da memória, a capacidade de concentração e a velocidade de raciocínio”. Ressalta também a importância do papel socializante que os esportes em geral possuem para os jovens e o fato de o xadrez ser o segundo esporte mais praticado do mundo.

- SILVANI HONORATO
Silvani Honorato é dançarina e mora no Uruguai desde que nasceu, em 1973. Professora de dança, ou “oficineira”, como ela diz que seus alunos a chamam, Silvani começou a dançar no Cine-Teatro Alagados, aos 13 anos, com o grupo Luanda, no qual permaneceu
por cinco anos, participando de diversos festivais. Depois, trabalhou no grupo de dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia, integrando mais tarde o Balé Folclórico da Bahia. Silvani acredita que a dança é uma forma importante para a integração entre as pessoas, uma forma de relacionamento, além de ser uma maneira de inclusão social e auto-conhecimento. Além de dançarina, faz parte da Associação Amigos do Parque São Bartolomeu, que integra a Cammpi – Comissão de Articulação e Mobilização dos Moradores da Península de Itapagipe, onde ela participa da Subcomissão de Meio Ambiente. Também, coordena o projeto de inclusão digital, em um infocentro inaugurado em novembro de 2005, na Estação de Trem da Calçada.
Atualmente faz curso livre na faculdade de dança da UFBa e curso de Pedagogia na FSBA. A educação esteve sempre presente em sua vida. Silvani montou uma escolinha de dança no bairro onde mora e hoje é uma referencia no local, quando o assunto é dança. Sempre que convidada, dá oficinas de dança, principalmente para adolescentes. Participa do Projeto Escola Aberta dando aulas de dança na Escola Catarina Paraguaçu, em Itacaranha. Em 2005, ministrou oficinas para o Encontro de Jovens de Itapagipe, e teve uma experiência com pessoas com necessidades especiais, o que a fez querer trabalhar mais com pessoas portadoras de deficiência física. Por dois anos deu aulas ao ar livre no Parque São Bartolomeu, uma ação que conciliava suas duas paixões: o meio ambiente e a dança.

- VALNEIDE MENDES MOREIRA
A professora Valneide Mendes Moreira ensina na Creche-escola Comunitária Artesãos de Alagados. Ela desenvolve trabalhos com as crianças envolvendo elementos da comunidade, como religião, moradia e violência doméstica. A professora também faz uma atividade de visita ao bairro. Cada turma vai visitar uma área da comunidade (posto de saúde, praça, casas da conder, igreja), além de áreas da própria escola, como a biblioteca. Ela utiliza as visitas para trabalhar o conteúdo programático.
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