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BOA VIAGEM / MONTE SERRAT

O bairro da Boa Viagem surge no período colonial e tem a sua origem com a fundação da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem entre 1712 e 1714. A área da Boa Viagem foi utilizada como lugar de desembarque de mercadorias no passado e, hoje, vem sendo procurada por oferecer a mais privilegiada vista das Cidades Alta e Baixa. O conjunto formado pela Igreja e Hospício de Nossa Senhora da Boa Viagem é o ponto de chegada da Procissão Marítima do Bom Jesus dos Navegantes no dia 1º de janeiro.

A história do bairro do Monte Serrat inicia quando, segundo alguns historiadores, Tomé de Souza, o primeiro Governador Geral do Brasil, procura um lugar adequado para construir uma grande povoação e um forte, como havia lhe ordenado o rei de Portugal D. João III. O Forte de Monte de Serrat, conhecido como Forte de São Felipe – denominação que perdurou até o início do século XIX – foi construído em 1583 para servir como base militar, defendendo, juntamente com o Forte de Santo Antônio, o acesso norte da cidade. Monte Serrat é uma referência à imagem da virgem espanhola, trazida por um padre jesuíta que implantou a devoção a Nossa Senhora de Montserrat no local.

 

 
Área
PENÍNSULA E COMÉRCIO
 
Depoimentos
Humaitá?
”Humaitá era um clube brega que tinha lá. Quando eu era rapaz, o lugar de dançar era no Humaitá. Humaitá, não é um nome antigo? Não, nós somos de duas épocas diferentes, minha filha. Então, começou-se a dar o nome Humaitá, que não tem nada com a história. A Igreja de Montserrat, de 1659 aquela feição, mas ela já vinha de antes.” (Cid Teixeira)
www.cidteixeira.com.br

Origem do nome Montserrat e origem da comunidade negra em Salvador
”Montserrat é em referência à virgem espanhola, trazida por um padre jesuíta espanhol que implantou lá a devoção a Nossa Senhora de Montserrat. Africanos na Bahia, desde o primeiro momento que chegam escravos. Mas na verdade, nessa sala, eu não sei se tem muita gente aqui que se considere imunizado contra a anemia falciforme, acho que ninguém. Uns mais, uns menos; todo mundo aqui está meio pro lado de lá, meio pro lado de cá. A densidade negra na cidade de Salvador começa muito tarde porque ninguém tinha na cidade de Salvador quinze nem vinte escravos, não, tinha o mínimo bastante para o serviço doméstico. Onde era a mão de obra escrava reforçada era no Recôncavo, no negócio do açúcar. Com o colapso do açúcar, com a queda do açúcar, com a abolição da escravatura houve uma migração, os ricos empobrecidos vieram à busca de emprego público, foram ser tabeliães, foram ser coisas assim; os negros libertados vieram à busca de comida. Uma vez eu escrevi um artigo que quase que dá zoada forte, o título do artigo era enorme, “Quem deu o almoço do escravo no dia 14 de maio?”.
Você já parou para perguntar isso? Ele ficou com fome e veio buscar comida aqui.
Então, a densidade negra na cidade de Salvador não é da colônia, não; não é não; tinha sim, mas o bastante para pequenos serviços domésticos e acabou-se. A migração em massa se passa quando se esvaziam os engenhos de açúcar. Aí sim, vem todo mundo para cá.” (Cid Teixeira)
www.cidteixeira.com.br
 
Na Mídia
:: UMA TARDE EM HUMAITÁ
A TARDE, 27.02.2004, p. 2, Karen Souza.
:: PADROEIRO DO MAR
CORREIO DA BAHIA, 02.01.2007, Aqui Salvador, p. 3, Ciro Brigham.
:: MISSA DOS BARRAQUEIROS ABRE FESTA DA BOA VIAGEM
A TARDE, 23.12.1986, Caderno 1, p. 12.
:: A GALEOTA COMPLETA MEIO SÉCULO!
DIARIO DE NOTÍCIAS, 27.12.1940
:: PARAÍSO NA PENÍSULA
CORREIO DA BAHIA, 05.07.1997, p.12, Bruno Quintanilha
:: RESTAURADA IGREJA DE MONTE SERRAT
A TARDE, 27.04.1966, Caderno 1, p.2
 
Atrativos
- PONTA DO HUMAITÁ
Ponta de terra que se localiza no bairro de Monte Serrat, próximo ao Forte de Monte Serrat. A Ponta do Humaitá é famosa por ser local de onde se pode ver um belo pôr-do-sol, vista panorâmica da Baía de Todos os Santos e da cidade, ao fundo. O espaço agrega um conjunto arquitetônico formado pela Igreja de Monte Serrat, um mosteiro, o antigo Iate Clube de Monte Serrat e casas no estilo do século XIX, além de um farol, construído no começo do século XX para guiar as embarcações que passavam pela região. No dia 08 de março acontece a festividade do Presente de Iemanjá de Humaitá, na qual baianas e populares levam oferendas e pedidos à orixá considerada rainha das águas.

- PRAIA DA PEDRA FURADA
Atrás do Hospital Sagrada Família. Da Avenida Constelação, defronte à praia, pode-se apreciar o pôr do Sol e as canoas de pescadores ancoradas no mar calmo.

- PRAIA DA BOA VIAGEM
Ao lado do Forte de Monte Serrat. Tem formação de arrecifes e vista panorâmica para o Farol da barra.

- FORTE DE MONTE SERRAT
O local para instalação do Forte de Monte Serrat foi escolhido em função da enseada de águas mansas, escondidas pelos morros que encobriam a área plana limitada na parte ocidental pela ponta do Humaitá. Um pequeno forte foi construído de 1538 a 1587 e depois reformado em 1602 com maior poder defensivo. Por muito tempo foi conhecido como “Fortaleza de São Felipe” – denominação que perdurou até o início do século XIX - ou “Castelo de Itapagipe”.

Originalmente, o Forte de Monte Serrat possuía uma ponte levadiça entre a rampa e o terraço e no térreo, o corpo da guarda tinha dois quartéis rodeando a entrada. Segundos dados do Iphan, o seu desenho arquitetônico segue o estilo da escola italiana de fortificação. Juntamente com fortes localizados na Barra, tinha a responsabilidade de impedir, mediante fogo cruzado, o desembarque de inimigos no porto e praias vizinhas à cidade. Mesmo tendo impedido o desembarque dos holandeses durante todo o dia nove de maio de 1624, o forte era pequeno e incapaz de se defender. Por isso, foi ocupado em 1638, quando abrigou o príncipe Maurício de Nassau. Em 1925 o Ministério da Marinha tomou posse do forte, e em 1993 foi instalado o Museu das Armas, guardando nele as armas históricas do Estado. Foi cercado de jardins e se transformou em ponto turístico da cidade.

- VISGUEIRA
A Visgueira do Bira foi uma casa de serestas muito freqüentada em Itapagipe. Funcionou pela primeira vez na Boa Viagem, na Rua da Imperatriz, numero 105. Depois, foi transferida pra o Alto do Bonfim e, por fim, se instalou próximo ao Largo da Madragoa, na Rua Marquês de Santo Amaro, número 22, onde a Visgueira permaneceu até o seu fechamento, na década de noventa. A decoração da casa era inusitada, com jante de caminhão pendurada na parede, calota, pára-choque de carros e outros ornamentos, luzes coloridas, lanternas e cortinas antigas. Para entrar era necessário passar por baixo de um balcão.

A Visgueira era freqüentada principalmente por um público de mais de trinta anos de idade, tendo a casa cheia nos finais de semana. Uma frase na parede dizia: “Quem nunca veio a Visgueira, não conhece a Ribeira”. Entre os ritmos havia o mambo, salsa, merengue e bolero, com muitos casais dançando na pista e as apresentações do proprietário do lugar, Raimundo Santos Bastos, o popular Bira. O som ao vivo era executado pelo empresário junto com o conjunto musical de mesmo nome da casa, Visgueira. Além das festas, a casa ainda oferecia comida, tendo a dobradinha e o caldo de sururu como os pratos mais pedidos, servidos sempre nas terças-feiras.

- VILA OPERÁRIA
A Vila operária da Boa Viagem, a primeira vila operária de Salvador, foi construída por Luiz Tarquínio para abrigar os funcionários de sua fábrica na península, a Empório Industrial do Norte. O projeto da Vila foi inspirado nas “Tenement Houses”, condomínios operários britânicos. Sua inauguração se deu no ano de 1892. As casas possuíam luz elétrica, um artigo luxuoso na época, além de jardim com flores e calçadas constantemente lavadas com água e sabão. Contava com uma praça arborizada, dois coretos, farmácia, armazém e biblioteca.

Para possuir uma casa na Vila, os operários pagavam um quarto do salário como aluguel. Após cinco anos, os funcionários que fossem tidos como eficientes passavam a ser proprietários dos imóveis, recebendo a escritura da casa. Os filhos dos operários tinham o direito à educação, desde o jardim da infância. A filha de Luiz Tarquínio estudava também na Vila, junto com os filhos dos funcionários para provar que o ensino era de qualidade. O método de ensino adotado era o americano e além das matérias formais, as crianças tinham aulas de artes. Havia também cursos noturnos para adultos, creche, assistência médica e dentária.

A intenção de Luiz Tarquínio era fazer dessa vila a melhor Vila Operária do país. Indo de encontro ao pensamento vigente na época, que ainda adotava o trabalho escravo, Luiz Tarquínio defendia que o trabalho produtivo dependia de boas condições de vida para os funcionários. Após a falência da Fábrica na década de oitenta, as escrituras das casas foram repassadas pelo Governo do Estado aos antigos moradores ex-operários e seus descendentes. Atualmente os traçados originais das casas foram modificados pelos sucessivos moradores, desde a estrutura interna até as fachadas dos prédios.

- IGREJA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM
A Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, construída no estilo barroco português, está localizada no Largo da Boa Viagem e foi construída por volta de 1712, conforme dados do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A origem da igreja tem informações imprecisas. Segundo o historiador Cid Teixeira, as terras ao redor teriam sido doadas pelo primeiro governador a Garcia D’ Avila, almoxarife das obras da cidade, e permutadas com os monges de São Bento. A igreja teria surgido na metade do século XVIII, construída pelos frades franciscanos “para tomar o lugar de capela doada por um certo Lourenço Maria”. Mas conforme relata a arquidiocese de Salvador, “Em 19 de novembro de 1710, Dª Lourença Maria, proprietária das terras de Itapagipe de baixo e que tinha como filha Ana Pereira de Negreiros, doou, através escritura, aos Franciscanos da Bahia, uma grande área de terra. Como recompensa pela doação, Dª Lourença Maria exigiu da Ordem Franciscana a celebração de cinco missas anuais, sendo três para si e duas para sua filha Ana Pereira de Negreiros”.

Sua fachada voltada para o mar, apresenta uma única torre e é revestida de azulejos pérola nacarados, de origem portuguesa. Destacam-se os pilares em pedra e, em seu frontispício, um painel em azulejos azuis trabalhados com as Armas do Reino. A descrição feita por Paulo Ormido D. de Azevedo, historiador, relata que a igreja foi originalmente feita de uma única nave com corredores laterais e tribunas superpostas. No início do século XX, foi transformada em igreja de três naves com a manutenção das tribunas. O altar-mor e altares colaterais situados no ângulo do arco cruzeiro com a nave são barrocos, estilo D. João VI. A reforma sofrida pelo templo sacrificou parte da nave e dos azulejos que decoravam as paredes restaram dois painéis junto à porta principal que narram sucessos trágico-marítmos atribuídos a milagres de Nossa Senhora da Boa Viagem.

A igreja possui também uma única torre, situada ao seu lado esquerdo e revestida de azulejos portugueses de cores azul e marfim, com quatro sinos, sendo o mais antigo deles datado de 1810 (século XIX). Uma grande porta de jacarandá dá acesso ao seu interior. O piso é de mármore cinza. No Altar-Mor, todo em talha dourada à folha de ouro, destacam-se na parte superior a singular imagem de Nosso Senhor Bom Jesus dos Navegantes e, abaixo desta, a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem. Já foram acolhidas na igreja, em altares menores, as imagens de Nossa Senhora das Necessidades e a de São Gonçalo. Hoje, a igreja preserva quatro imagens barrocas, de N. S. da Boa Viagem, Bom Jesus dos Navegantes, N. S. da Natividade e São Sebastião. A paróquia da Boa Viagem também conta com uma devoção fundada em 1892. No dia primeiro de janeiro celebra-se na Igreja da Nossa Senhora da Boa Viagem a festa de Bom Jesus dos Navegantes, com procissão marítima e entrega de presentes pelos pescadores na Galeota do Senhor dos Navegantes.

- IGREJA DE NOSSA SENHORA DE MONTE SERRAT
Existe uma controvérsia que envolve a fundação da Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat. Para alguns historiadores do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), ela foi construída por um militar espanhol, no final do século XVI, devoto da Virgem de MonSerrote. Para outros historiadores do mesmo instituto, ela foi erguida pela família Gárcia D´Ávila, uma família muito tradicional e rica e quem mais possuía terras na região do Monte Serrat no mesmo período. A doação, feita aos beneditinos, também é polêmica: ou foi realizada em 1609, pelos Gárcia D´Ávila ou em 1658 pelo Governador da época. Sua planta é atribuída ao arquiteto italiano Baccio de Filicara. “A virgem foi concebida sem pecado original” é o dizer grafado no portão principal da Igreja que tem sua arquitetura similar a muitas capelas rurais da Bahia, segundo informações do Iphan. A torre de terminação piramidal, revestida de azulejos, destaca-se no conjunto de pequenas proporções, assim como o alpendre ou copiar da Igreja, reconstruído em 1969, quando se eliminou seu frontão rococó. O altar-mor, do século XVIII, é oriundo da Igreja de São Bento e em 1930 foi mutilado para adaptar-se à Capela. Destacavam-se as imagens de N. S. de Monte Serrat e a de São Pedro Arrependido, em barro cozido, consideradas obras primas do Frei Agostinho da Piedade, que estão guardadas no Mosteiro de São Bento. Ao lado há um pequeno Mosteiro, de dois pavimentos, com construção datada de 1679. Na parte externa há o Farol de Humaitá e uma grande balaustrada que contorna a Igreja.

- LIGA PRAIANA DE FUTEBOL DO MONTE SERRAT
Nasceu em 10 de junho de 1961. Liga muito atuante, chegou a atrair repórter para narrar jogo. Atua no Campo da Boa Viagem, nos dias de quinta e sexta-feira.

- ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA BARREIRENSE - ADB
Foi criada em 17 de junho de 1961. Atua no Campo da Boa Viagem, em dias de domingo pela manhã e feriados. Ao todo existem dez times jogando no Campo da Boa Viagem, entre as duas ligas de futebol.

- CAMPO DO TUPY
Deu origem ao Campo da Boa Viagem, na praia da Boa Viagem, próximo ao Forte de Monte Serrat. Campo onde a Liga Praiana de Futebol do Monte Serrat e a Associação Desportiva Barreirense treinam.

- CAMPO DO CARVÃO
No espaço onde hoje está localizado o Colégio Estadual Luiz Tarquínio havia um comércio de venda de carvão, um campo de futebol e um dique. O campo de futebol era conhecido como Campo do Carvão. Com o aterro do dique, foi construído o Colégio Luiz Tarquínio e, no lugar do campo, o ginásio de esportes.

- PROCISSÃO DE NOSSO SENHOR DOS NAVEGANTES
A procissão marítima acontece no dia 01 de janeiro com a vinda da Galeota Nosso Senhor dos Navegantes, da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia até a Boa Viagem. No dia anterior, a imagem de Nosso Senhor dos Navegantes sai em procissão à Basílica da Conceição da Praia. Oito dias depois, ou no domingo mais próximo, acontece a procissão terrestre, que faz o percurso Luiz Tarquínio – Dendezeiros – Imperatriz – Boa Viagem. Não se tem notícia de quando surgiu a procissão do Senhor dos Navegantes. Existem informações que era uma tradição de capitães e pilotos de navios que faziam o tráfego na costa africana. Inicialmente a procissão unia esforços da comunidade católica e do Estado, como uma procissão oficial do Governo. Existia a “Galeota Imperial” e os festejos eram produzidos por devotos, moradores comerciantes da Boa Viagem e trabalhadores do mar, de toda a Bahia.

O rompimento do Estado com a celebração se deu em 1890, tendo como maior incidente a negação da Marinha em ceder o barco para conduzir a imagem do santo. Carpinteiros, saveristas e muitos devotos se juntaram então para a confecção de uma nova galeota, que foi nomeada “Galeota do Senhor dos Navegantes”. No dia 27 de dezembro de 1891 a galeota foi benzida pelo Cônego Ludgero dos Humildes Pacheco e levada em carreata do estaleiro no Bogari (onde foi construída) para a Ribeira e lançada ao mar. A festa de 1° de janeiro de 1892, estréia da nova galeota, foi muito celebrada. Os devotos estavam em grande alegria, orgulhosos por serem responsáveis pela continuidade da procissão. Com o tempo, a relação com a Marinha voltou a ser amigável e a Procissão de Nosso Senhor dos Navegantes voltou a contar com a participação do Estado.

- MOQUECAS DA PEDRA FURADA
Os restaurantes da Pedra Furada se distribuem pela ladeira da Rua Rio negro, um ao lado do outro. Todos são especializados em pratos com frutos do mar, mas, entre todos os pratos mais pedidos, estão as moquecas. Nos restaurantes da parte alta é possível ter uma visão panorâmica da Baía de Todos os Santos e da Ponta do Humaitá.

Aos pés da ladeira, muitas casas foram adaptadas para serem bares e restaurantes. O diferencial dessas casas (com menor investimento em infra-estrutura do que as da parte alta) são as moquecas vendidas “dobradas”: ao fazer o pedido de um prato, o freguês ganha a refeição e acompanhamentos em dobro.
 
Asilo da Boa Viagem
Igreja da Boa Viagem
 
 
Curiosidades
- PRIMEIRAS OCUPAÇÕES
As primeiras ocupações passando pela Boa Viagem, pela igreja de mesmo nome e seguindo o bairro de Monte Serrat é possível conhecer marcos das primeiras construções portuguesas na península.

A Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat e o Forte de Monte Serrat são exemplos das mais antigas construções da região. O bairro oferece também como atração o antigo Iate Itapagipe, as casas seculares ao lado da igreja, a vista da Baía da Ponta do Humaitá e a sede do CRA – Centro de Recursos Ambientais. Subindo a Rua Rio São Francisco, em direção ao Bonfim, é possível ver o Hospital Couto Maia, o Convento da Sagrada Família e o Mirante do Bonfim, logo em frente.

Ao Redor da famosa Igreja do Bonfim, as casas dos romeiros e o Solar Marback completam o conjunto arquitetônico. Na parte baixa do largo, o Centro de Artesanato do Bonfim é opção para comprar uma lembrança da Bahia e da cidade. Descendo a Ladeira da Lenha é possível percorrer a Avenida Beira Mar e apreciar as praias calmas da península. Se a opção for a Rua Travassos de Fora, seguindo pela Rua Visconde de Caravelas é possível passar pelo Largo do Papagaio, Largo da Madragoa até chegar ao Fim de Linha da Ribeira, bairro que também foi palco das primeiras ocupações urbanas.

Na Penha, além da praia e da sombra dos Tamarindeiros há a Igreja da Penha, do século XVIII. No Largo da Ribeira há o famoso sorvete da Ribeira e a pastelaria, que atraem muitos visitantes ao bairro. Da orla é possível avistar o subúrbio. À noite, o conjunto de casas iluminadas faz lembrar um presépio.

Na Avenida Porto dos Tainheiros além das marinas e barcos, os Clubes de Remo, o Solar Amado Bahia, o antigo Hidroporto da Ribeira e o Instituto de Cultura Brasil Itália Europa são algumas das atrações.

- HOSPITAL COUTO MAIA
O Hospital de Isolamento de Monte Serrat era o antigo nome do Hospital Couto Maia. Ele foi fundado em 1853 pelo presidente da província da Bahia, José Maurício Vanderley, para atender às vítimas da febre amarela. O local escolhido foi uma fazenda com muito ar puro, devido à proximidade com o mar e às plantações. O lugar pertencia ao senhor Antônio Pereira Franco e inicialmente foi chamado de Isolamento. Em 1936, o Hospital de Isolamento de Monte Serrat passou a chamar-se Hospital Couto Maia em homenagem ao seu diretor, por vinte anos, o senhor Augusto Couto Maia. O Dr. Couto Maia faleceu em 1944.

A finalidade do Hospital era evitar o contágio destas doenças e a ocorrência de epidemias na população local. Os pacientes falecidos eram sepultados no próprio Hospital, prática que foi suspensa apenas em 1871. Os enterros passaram a ser realizados no Cemitério do Bom Jesus, no bairro da Massaranduba, obedecendo às técnicas de sepultamento, como o lançamento de uma camada de cal sobre o caixão. Hoje o Hospital Couto Maia faz parte de uma das 46 unidades de saúde do Governo do Estado. É o hospital referência na Bahia em doenças infecto-contagiosas e parasitárias, realizando monitoramento de vetores de expansão destas doenças.
 
Personagens
- ÁLVARO SAMPAIO
Álvaro Luiz Sampaio e Silva, nascido em 1957, foi criado em Itapagipe, mantém um atelier em sua residência em Monte Serrat. É Produtor gráfico e artista plástico. A maior inspiração de Álvaro Sampaio é a natureza. O que mais gosta de fazer é experimentar, descobrir novas técnicas e formas de expressão através das tintas.

Em 2002 nasceu o Projeto Submersos, um trabalho que alia arte e preservação ambiental. Ao mergulhar na Ponta de Humaitá e em outras regiões da Península, o artista descobriu materiais, provenientes de oferendas, presos em corais, lixos que causavam prejuízos à vida marinha. A partir destes objetos e tecidos Álvaro Sampaio desenvolveu uma “arte orgânica”, como costuma chamar. “Procuro produzir uma pintura contemporânea essencialmente orgânica, refletindo a arte que realizo de acordo com o convívio que possuo com o ambiente marinho. Aqui no Monte Serrat, onde resido, mergulho, recolho suportes e os pinto, faço surgir formas, signos e texturas que são nada mais que a releitura do ambiente local”, explica.

Grande parte das obras de Álvaro Sampaio é inédita, ainda não foi exposta. Na década de 80 participou de algumas amostras coletivas no Rio de Janeiro, onde passou um período estudando, inclusive na renomada Escola de Arte Visuais do Parque Lage. Em 2004, apresentou seu trabalho no projeto Arte em Revezamento da Ebec Galeria de Arte, em Salvador, juntamente com mais seis artistas pouco conhecidos pelo público.

- LUIZ MÁRIO
Luiz Mário Costa Freire, 49 anos, é artista plástico e professor de pintura e composição decorativa, na Escola de Belas Artes da UFBA. Nasceu no bairro de Monte Serrat, onde morou até os 24 anos. Em 1999 retornou à Península de Itapagipe, passando a ocupar um dos galpões da antiga fábrica Bhering, que reformou e transformou em seu ateliê, na Avenida Beira Mar. O projeto de Luiz Mário para o galpão é transformá-lo em escola de culinária para a comunidade e espaço para eventos. Além de produzir painéis e pinturas, Luiz Mário realiza pesquisa de doutorado pela Universidad Politécnica de Valencia, na Espanha, sobre o profano nas festas de Santo Antônio em 123 Itapagipe. A pesquisa sobre o tema, que já dura nove anos, já resultou em nove exposições – em Salvador, Portugal e na Espanha - de quadros e instalações. Sua meta é a produção de novas instalações e de um livro até a conclusão do trabalho, prevista para 2008.

Segundo o artista, o profano é uma releitura que as pessoas do povo fazem da cerimônia e que vai se tornando uma tradição. O artista alerta para a importância de manter os elementos tradicionais da festa, para que ela não saia do interior das casas e se transforme em festa de rua, convertendo-se em espetáculo e perdendo suas características tradicionais. Em 2002, utilizou o antigo galpão da Bhering para a realização do “Santo Antônio”, evento anual que ocorre simultaneamente à trezena do santo, com exposições de artes, palestras, apresentações de música e participação de instituições de educação e cultura, prefeituras do interior e da capital e artistas em geral. O evento acontece desde 1987 e foi realizado em Itapagipe entre os anos de 2002 e 2004, buscando o resgate dessa festa sacro profana.

As instalações produzidas pelo artista têm como tema recorrente o espetáculo de massa como alienador social. Para Luiz Mário, os espetáculos produzidos na Bahia têm um valor turístico, mas em compensação alienam a população local e descaracterizam as festas de largo, como o carnaval. As pinturas, entretanto, figurativas, têm uma temática mais livre, espontânea, e sofre influência também dos aspectos sociais e ambientais da península. Engajado em ações que envolvem arte e ação social, Luiz Mário faz parte da ABAQ – Associação Baiana de Aqüicultura, e da UNICA, entidade voltada a ações sociais para jovens. Tem um projeto em parceria com a Universidad Politécnica de Valencia, com a Cammpi, Prefeitura de Salvador e Escola de Belas Artes da UFBA, chamado “Itapagipe – Cidade Capturada”, em que pretende trazer 20 artistas espanhóis para interagir com 20 artistas moradores da Península de Itapagipe. O evento, previsto para 2006, duraria 20 dias, ocupando os imóveis industriais desativados, os colégios, os imóveis de relevância histórico-arquitetônica, instituições beneficentes, entre outros, em Itapagipe. O projeto pretende envolver a comunidade com esses espaços, promovendo a preservação histórica e o desenvolvimento, social, cultural e econômico, da península.
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