PROJETO ARRUMADINHO - “PARA ARRUMAR AS DESIGUALDADES SOCIAIS”
De acordo com o professor Alberto Borges, idealizador e coordenador, o Grupo Arrumadinho de Teatro e Poesia envolve cerca de 1.500 pessoas do bairro - entre crianças, jovens e adultos - desenvolvendo atividades na área esportiva, como o futebol masculino e feminino e o vôlei, sob a coordenação dos professores Nêga e Vadinho. As oficinas de capoeira e karatê serão oferecidas em breve. Além do esporte, que nas palavras de seu Alberto Borges tem sido o instrumento mais valioso para “resgatar a identidade deles”, acontecem também aulas de redação, poesia e teatro. O teatro, outra forte linguagem no Arrumadinho, tem o próprio Alberto como professor, que mesmo sem uma formação mais aprofundada, acredita e defende “um teatro amador, porém feito com amor”.
É da vontade de realizar os sonhos, principalmente através da cultura, que o Arrumadinho quer “mostrar que tem luz, que tem cultura, que tem dignidade, que somos honestos! Porque eles pensam, os que são tão inteligentes, que só do lado de lá tem cultura. Mas aqui tem muita cultura”. O projeto já conseguiu algumas parcerias, inclusive, junto ao Senai, Senac, para encaminhamento ao mercado de trabalho e apoio da empresa Dismel em algumas de suas atividades. Porém, muitas outras são ansiadas por quem, há cinco anos, tem conduzido com espírito familiar e solidário uma causa em prol do próprio bairro e da cidade.
COOPERATIVA ARTE MÃOS - CRIANDO COM AS MÃOS UMA VIDA MELHOR
São 11 mulheres talentosas que estão unidas, desde 1997, em torno do trabalho cuidadoso e amoroso com as mãos, de onde são geradas bonecas negras, de pano, em criações tão bonitas que podem ser encontradas em algumas lojas de Salvador e em países como Canadá, França e Nicarágua. Apoiadas pela ONG Vida Brasil, passaram a existir como cooperativa em 2004. São elas: Maria Alencar (coordenadora), Maria de Lurdes (fundadora), Dilma, Maria Zuleide, Telma, Cleise, Teresa, Nazaré, Eliete, Nadia, Alaíde e Neuza.
MOVIMENTO DE REINTEGRAÇÃO DAS PESSOAS ATINGIDAS PELA HANSENÍASE (MORHAN)
Desde 1987 em Águas Claras, oferece serviços na área de saúde (em especialidades como ortopedia, ginecologia, pediatria) abertos à comunidade em geral. O movimento tem desenvolvido em seus espaços oficinas diversas como capoeira (com o professor Edson Escovão), dança, computação, artesanato, ginástica para a 3ª idade e Nalti Modelismo (coordenado por Ricardo Tavares). Em uma de suas salas funciona também um núcleo de prevenção do Grupo de Apoio e Prevenção a AIDS da Bahia (Gapa-BA).
CRECHE ESCOLA TIA SABINA
Tels.:3253-1944 ou 8897-2789
Dirigida por D. Sabina, moradora antiga e liderança do bairro, a creche atende hoje a cerca de 45 crianças e funciona no mesmo espaço onde estão a Rádio Boas Novas FM e o Conselho de Moradores do Loteamento João de Barro I e II de Águas Claras e Adjacências. A creche conta hoje para sua sobrevivência somente com a parceria do “Prato Amigo” e com a ajuda da rádio e dos pais, o que ainda é insuficiente para o desenvolvimento pleno de todas as atividades. Nesse espaço acontecem ainda oficinas de teatro, pintura, capoeira (com mestre Nanau), karatê, além das reuniões para as constantes reivindicações do Conselho de Moradores.
MOVIMENTO POPULAR DE ÁGUAS CLARAS (MOVIPAC)
O Movipac foi formado em 2003 a partir da necessidade de um trabalho social voltado para jovens e mulheres no bairro. O pioneiro do Movimento foi o Grupo de Mulheres Zeferina, cujas propostas e iniciativas terminaram por atrair outros grupos, como o Grupo Jaca (Juventude Ativista de Cajazeiras), o Quilombo do Urubu e o Grupo de Jovens Atitude e Consciência. Seus trabalhos envolvem, dentre outros, alfabetização de jovens e adultos, palestras, encontros e oficinas. A falta de uma sede própria ou de um espaço aberto aos seus projetos tem sido hoje a principal dificuldade.
JUVENTUDE ATIVISTA DE CAJAZEIRAS (JACA) - “VÁRIOS BAGOS UNIDOS PELO MESMO VISGO”
A Juventude Ativista de Cajazeiras (Jaca) reúne jovens dispostos a promover várias ações dentro de sua comunidade, como articular e promover os grupos culturais existentes, criar um jornal comunitário, desenvolver atividades em torno da questão identitária (principalmente dentro das escolas públicas do bairro), e criar um curso profissionalizante de serigrafia. Ainda falta apoio para tirar do papel algumas dessas ações, mas o empenho e a disposição em fazer a diferença não faltam ao grupo.
CATÁLOGO CULTURAL
GRUPO DE CAPOEIRA REGIONAL MANGANGÁ
Há sete anos o grupo, que tem à frente o Mestre Jean, vem desenvolvendo um trabalho já reconhecido dentro do bairro e que atrai a participação de crianças e jovens. Por não contar atualmente com um espaço para suas atividades, o grupo vem treinando na rua, em exibições que impressionam seu público. Mestre Jean já se apresentou no Japão e alguns de seus alunos, como o Adilton (professor Negão), têm ensinado a capoeira de forma voluntária no Colégio Estadual Clarita Mariani.
TINA BEE E AS NEGREIRAS - MULHERES NO RAP
O grupo é formado pelas MCs (Mestres de Cerimônia que fazem os versos rimados do rap ao microfone) Tina Bee, Talita, Javana e Ludmila, mulheres engajadas na luta “contra o machismo cordial” e na defesa da liberdade da mulher conquistada através da consciência política e da arte, especialmente, pelo Movimento Hip-Hop - que inclui, além do MC, o break (a dança de rua); o grafite (a arte das ruas); e o Dj (discotecagem feita em cima das pick-ups), onde entra o Dito, único homem do grupo. Seus 20 anos de trajetória lhe renderam mais reconhecimento fora do que dentro de Salvador. Já participaram de programas na MTV e de matérias da revista Rap Brasil. “Falando de coisas sérias, atuais e históricas”, Tina Bee e as Negreiras mobilizam sua “área” e arregimentam cada vez mais jovens que encontram no hip-hop uma forma de expressão.
DICIONÁRIO PERIFÉRICO
O grupo formado pelos MCs Chapado, Morcego, Jerry e DJ Barriga surgiu a partir do desejo de realizar um trabalho voltado para os jovens do bairro através de oficinas de grafiti, aulas de rimar (MC) e DJ. Desse trabalho veio a motivação para a formação do grupo, que tem um público fiel e mantém suas atividades em prol de uma causa: auto-estima e concientização dos moradores de Águas Claras. O grupo já se apresentou em bairros próximos como Nova Brasília, no Projeto Música na Escada/Liberdade, no Pelourinho, dentre outros.
CONEXÃO CARTA BRANKA
O que começou com o grafiti, por volta de 2002, passou a incluir o trabalho musical (rap), divulgando a cultura Hip Hop e plantando a semente definitiva do grupo. Em seu trabalho, o Conexão formado pelos MCs Ricardo, Marcílio, Thiago e DJ Breack - aborda problemas como a falta de oportunidade aos jovens, o preconceito social e racial, a fome, a desordem do sistema, “sempre acreditando no sonho de ver a classe pobre bem representada, com espaço e chances reais”, como afirma o MC Ricardo.
Fonte: Cultura no ponto/Fundação Gregório de Matos. V.1, Salvador: FGM, 2006
|