:: Avisa Lá Salvador ::
:: Avisa Lá Salvador ::
LIBERDADE (NÚCLEO CENTRAL)

Antiga Estrada das Boiadas, a Liberdade era passagem dos bois que vinham do sertão e eram comercializados na Feira do Capuame. Em 1823, por ali entrou o exército libertador e então, a Estrada das Boiadas passou a ser chamada Estrada da Liberdade. Considerado como o bairro mais populoso da cidade de Salvador, e representativo da cultura negra, o fez ser considerado pelo Ministério da Cultura como o território nacional da cultura afro-brasileira. O povoamento da Liberdade se deu logo depois da abolição da escravatura, com a ida de negros libertos e ex-escravos para o local.

A Liberdade não é só o bairro mais negro de Salvador e do Brasil. É especial. É único. É um país, onde a negritude é a maior referência, a espontaneidade é uma lei, e a manifestação artística é a principal linguagem de expressão.

 

 
Área
LIBERDADE
 
Depoimentos
”Liberdade. Aí era a estrada das boiadas. O boi que descia do sertão era comercializado na feira do Capuame, feira de gado, Capuame, que depois mudou o nome para Dias D’Ávila, hoje é a cidade de Dias D’Ávila, ali estava a feira do gado. Esse gado era trazido para o abate. O abate da cidade estava onde hoje é o terminal da Barroquinha, ali é que era o matadouro da cidade. Por isso que o rio se chama de rio das Tripas, porque os dejetos, as sobras do sacrifício dos animais eram jogadas no rio das Tripas. O rio das Tripas está lá, a Baixa dos Sapateiros não existe, ela é um rio canalizado, você anda por cima do extradorso da abóbada que cria a Baixa dos Sapateiros, o rio das Tripas está lá. Então, este gado vinha pela estrada que você chama da Liberdade, que era a estrada das boiadas. Em 1823, por ali entrou o exército libertador e então, a estrada das boiadas passou a ser chamada estrada da Liberdade.” (Cid Teixeira)
www.cidteixeira.com.br

História da negritude no Bairro da Liberdade?
”Recentíssimo. Eu que estou falando aqui, sou do tempo em que a Liberdade eram quatro ou cinco roças, roças com bois e vacas e essas coisas. Essa concentração de pobreza e negritude na liberdade é coisa de quarenta ou cinqüenta anos para cá, não é muito antiga, não. Outros bairros se embranqueceram, por exemplo, um bairro onde só tinha negro mesmo, que era o Caxundé; hoje ninguém mais sabe nem onde é o Caxundé quanto mais falar em negro lá dentro. Corresponde hoje ao Jardim de Alá, ali, na Pituba. O trator chegou, urbanizou tudo, fez casinhas bonitinhas e acabou com a negritude de lá. A Liberdade não tem essa história negra, não; eram roças. Seu Chico Mãozinha era dono de tudo o que é hoje, Corta braço, Pero Vaz era a roça dele e eu conheci, eu estive lá, na roça dele, eu que estou aqui; portanto, não é coisa do século XVII, não. Eu vi, andei lá, como andei na Pituba com medo das vacas, com medo dos bois correndo atrás da gente.” (Cid Teixeira)

"Cheguei na Liberdade com meus pais em 1930. Tinha sete anos. Isso aqui tinha todas as aparências de quilombo, desses que você só ouviu falar.(...) Todos os moradores eram negros. Algum escravo liberto, tinha muitos que eram africanos mesmo, mas a maioria era filhos deles, os filhos da escravidão."
Hilda dos Santos (Mãe Hilda) - Comunidade do Ilê Ayiê - Curuzu

"Na Liberdade comecei a aprender a ser eu mesmo, a perceber o que é ser negro. Vi que eu fazia parte de uma comunidade não privilegiada, ou melhor, totalmente desfavorecida. Percebi que para ser alguém eu iria ter que ralar pesado ou então dançar. E acabei dançando!"
Zebrinha - Balé Folclórico da Bahia

"Eu vejo um futuro melhor. Vejo pessoas inquietas, questionando uma cidade e essa cidade vai ter que dar uma resposta a essas pessoas. Vejo adolescente que se mobilizam e se interligam, sabem que não podem andar sozinhos e que vão dar uma cara nova a essa cidade."
Lucy Antônia - Grupo Integrado de Adolescentes GIA - Liberdade
 
Na Mídia
:: BAIRRO DA LIBERDADE: UMA CIDADE DENTRO DE SALVADOR
CORREIO DA BAHIA, 25.07.1988, p. 6.
:: UM CINE CHAMADO BRASIL
JORNAL DA BAHIA, 21.05.1987, Revista, p.6, Fred Burgos
:: UM PERFIL DA LIBERDADE
JORNAL DA LIBERDADE, Ano I, N. 1, p. 9.
:: HISTÓRIA DO BAIRRO CONFUNDE-SE COM A MEMÓRIA DA BAHIA
BAHIA HOJE, 08.06.1997, p. 04.
 
Atrativos
ARQUITETURA

- OS CASEBRES RURAIS
Construídas até a década de 70, as casas rurais da Liberdade revelam marcas de um tempo que parece ter estagnado. Um tempo da Estrada das Boiadas, via de entrada das famílias em êxodo rural. Famílias que trouxeram um pouco do jeito interiorano de morar. São as casas de taipa, construídas com barro e madeira. Com uma sala pequena na frente, abrigam, no máximo, três quartos. Possuem telhado alto, daquele tipo em que as paredes não vão até o teto. Podemos encontrá-las nos pontos mais carentes e recônditos do bairro.

CARNAVAL

- BLOCÃO DA LIBERDADE
O Instituto Sócio Cultural e Carnavalesco Ibásóré Iyá, mais conhecido como Blocão da Liberdade, é uma entidade que surgiu em 1993 como um bloco de carnaval com o objetivo de difundir a cultura afro-baiana mundo afora. Como quase todos os blocos afro, o Blocão foi crescendo e passou a atuar também nas áreas de desenvolvimento cultural, da educação e até mesmo da saúde.

- MUZENZA
Nascido em 1981 na Ladeira de São Cristóvão (no bairro da Liberdade), teve por base o conceito histórico-literário contido no nome do bairro da Liberdade - que assim foi batizado por ter sido um dos cenários da Batalha de Pirajá, onde 80% das forças populares eram formados por negros. O nome do bloco é um termo de origem Batum Kikongo, equivalente à Iaô da nação Nagô (Iaô é uma figura feminina da religiosidade africana).

IGREJAS

- IGREJA DE SÃO LÁZARO
A Igreja de São Lázaro, à Rua Lima e Silva, realiza missas toda segunda-feira, às 8 horas, com intensa participação popular. A maioria dos fiéis busca um alívio para as dores com o óleo da unção, ou apenas uma proteção com a água benta jogada logo na entrada. Os que estão de passagem entram, recebem a água benta e retornam para recarregar as energias para enfrentar a vida. São homens e mulheres, crianças e velhos, todos eles bastante simples.

- PARÓQUIA DE SÃO COSME E DAMIÃO
Com o crescimento populacional, o aumento da demanda em assistência provocou o desmembramento da Paróquia de Santo Antônio Além do Carmo, que envolvia a área da então estrada das Boiadas. No dia 14 de abril de 1941, surge a primeira paróquia da Liberdade, fundada pelo cardeal Dom Augusto Álvaro da Silva, com Monsenhor Sadoc como primeiro pároco. Nascia a Igreja de São Cosme e Damião, que, no dia comemorativo dos santos gêmeos, recebe gente de toda a Salvador e até de cidades do recôncavo baiano. Em terra de candomblé com caruru, São Cosme e Damião foram os santos escolhidos para serem padroeiros do bairro. “O objetivo foi evangelizar e deslocar os santos dos orixás aos quais eram atribuídos”, revela Padre André Alexandre de Bom Juá, administrador da Paróquia de São Cosme e Damião desde junho de 2004. Depois de anos de perseguição ao candomblé, a tendência da igreja católica é estabelecer o diálogo inter-religioso, por considerar mais importante cumprir sua missão.

MÍDIA

- JORNAL BOCA DA LIBERDADE
Coordenado pelo músico Geraldo Geiger desde 1997, o Jornal Boca da Liberdade é um informativo bimensal criado com o objetivo de informar a população sobre temas diversos e acontecimentos do bairro. O jornal tem se destacado enquanto um espaço de visibilidade de projetos sociais e culturais do bairro. Geiger, que também é um dos principais articulistas do informativo, mantém uma coluna sobre Música, na qual procura divulgar os movimentos musicais que influenciaram os artistas da Liberdade. De caráter puramente informativo, o jornal se mantém sem anúncios publicitários e com o apoio da comunidade.

- RÁDIO LIBERDADE FM 100,5
A Rádio Liberdade surgiu em 1999 com a idéia de dar visibilidade aos artistas emergentes do bairro. São 12 voluntários, entre locutores, auxiliares e produtores, que procuram apresentar programas variados e serviços de utilidade pública. Além da Liberdade, a programação alcança bairros vizinhos, como Pau Miúdo e Calçada. Com intensa participação popular, a Liberdade FM é procurada por bandas locais de todos os estilos musicais, especialmente as de reggae e rap; os vocalistas também trabalham como locutores para divulgar o movimento musical de forma mais informativa, como é o caso da banda Velório Negro, e do MC Snoop. Os debates, pouco freqüentes, costumam acontecer no programa Movimento Pop.

- RÁDIO SERVIÇO DE SOM DA LIBERDADE
Pelo aspecto do prédio, a rádio comunitária da Liberdade é bastante antiga. Os alto-falantes, marca da sonoridade do bairro, estão em toda parte, mas a sede é um pouco difícil de achar. Em uma sala apertada no primeiro andar do 339, ponto nevrálgico da Lima e Silva, Reginaldo Souza, que opera o serviço há 20 anos, não sabe dizer ao certo quem a fundou. A rádio estava em decadência quando Reginaldo assumiu. Atualmente, com o serviço de alto-falantes, com 18 a 20 unidades de som, um aparelho mini-system, uma mesa e uma potência, funciona com o dinheiro de anúncios do comércio local. O repertório é eclético e o noticiário é feito com base nos jornais A Tarde e Tribuna da Bahia, que a rádio recebe gratuitamente. Além dos serviços de utilidade pública que oferece, a rádio divulga todos os eventos populares do bairro. Reginaldo Souza colaborou com o movimento que resultou na transformação do Cine Brasil em Centro Cultural. Com o apoio de Carlos Melo, ex-diretor do antigo Colégio Caxiense, que cedeu as bancas e o pessoal, a campanha na rádio ajudou a levantar 3.000 assinaturas. O movimento evitou que o Cine Brasil fosse transformado em supermercado.

PRAÇAS E LARGOS

- PRAÇA NELSON MANDELA
Inaugurada em agosto de 1991, um ano e cinco meses após Nelson Mandela ter sido libertado dos 27 anos de prisão na África do Sul, a praça ganhou um visual respeitável com a construção de um busto de bronze em reconhecimento à luta de Mandela contra a discriminação racial e a favor da paz. Com um senso de humanidade extraordinário, o líder negro marcou a inauguração com a alegria de sua presença. A frase que deixou gravada na peça da artista plástica Márcia Magno é uma marca identificadora do bairro: “A luta é minha vida”. Com o amplo espaço em frente ao Plano Inclinado, e uma imagem em bronze que vale ouro, a praça é lugar cativo para os eventos e manifestações culturais do bairro. Palco das micaretas da Liberdade, o local costuma ser ponto de parada na saída do Ilê, no carnaval. A praça é igualmente utilizada para a missa campal, após procissão em homenagem a Santa Bárbara, organizada pela Paróquia de mesmo nome. Em novembro, ao lado do busto de Nelson Mandela, uma das maiores referências da consciência negra, acontece a concentração da Caminhada da Liberdade, com saída da Rua do Curuzu. Promovido anualmente pelo Fórum de Entidades Negras, o evento marca o dia da Consciência Negra.

- LARGO DA CENTRAL
O bar e restaurante Point da Central e as barracas instaladas ao seu redor formam um dos mais movimentados complexos de lazer da Liberdade. Uma olhada no painel do restaurante Point da Central dá uma idéia da popularidade do ambiente. São fotografias das Lavagens da Central, festa do dia das crianças, visitas da imprensa em dias de jogo entre Bahia e Vitória, e saídas de “Os dominados”, um bloco organizado pelos moradores do local para saírem juntos em festas de Salvador. O que era um largo abandonado, com lixo jogado pelos cantos, transformou-se em um dos estabelecimentos de lazer mais freqüentados da Liberdade.

- LARGO DO TANQUE
É passagem para quem mora no Uruguai, Baixa do Fiscal, São Caetano, San Martin e Liberdade. A centralidade se explica quando lembramos que ali existia um dique para onde escorria toda a água das terras altas ao redor, especialmente da Liberdade. Com o aterramento, acabou sendo um espaço de convivência para as pessoas que circulam entre todos esses bairros. Basta lembrar que o largo já foi ponto de encontro da capoeiragem baiana, com célebres rodas de capoeira de Mestre Valdemar, às sextas feiras. O espaço abrigou por muitos anos uma edificação com diversas lojas. Foi o primeiro shopping de Salvador. O prédio pertencia ao pai do jogador Bebeto Gama, porém há alguns anos o edifício, já em péssimas condições, foi demolido, e em seu lugar foram feitos uma extensão da praça e um melhoramento na pista. Outra característica forte do Largo é a culinária, com a famosa feijoada do Largo do Tanque.

TRANSPORTES

-O PLANO INCLINADO
Liga a Liberdade ao bairro da Calçada e foi inaugurado em 13 de março de 1981. Aproximadamente, 12 mil pessoas usam o sistema de segunda a sexta-feira sendo 6,5 mil somente aos sábados e mais 2,5 mil aos domingos. Antes da existência do plano, havia, no local, uma ladeira chamada “Ladeira do Inferno”. Rodeada por mato, a menor chuva resultava em muita lama. As pessoas eram obrigadas a descer agachadas. Apesar disso, muita gente, na época, usava esse caminho para ter acesso à Calçada.

UTILIDADE PÚBLICA

-CENTRO SOCIAL URBANO
O Centro Social Urbano da Liberdade (CSU) foi fundado na década de 80 com o objetivo de oferecer um espaço cultural e educativo à comunidade local. O CSU oferece cursos diversos como Karatê, oficinas de talentos musicais, capoeira, curso de inglês, boxe, encontros da terceira idade, casamentos coletivos, percussão, dança de salão, canto e violão modelo. Esses cursos são ministrados pela própria comunidade, que se organiza de forma voluntária em um espaço cedido segundo critérios de avaliação da coordenação.

-SEBRAE
Os pequenos empreendedores da Liberdade contam com uma agência do Sebrae para qualquer dúvida ou orientação. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Salvador tem agências em diversos bairros, e na Liberdade está sediado na Rua Lima e Silva. A agência desenvolve pesquisas a respeito de vários aspectos da realidade do bairro para melhor desenvolver os programas de incentivo econômico. São cursos de capacitação para empresas locais, projetos de desenvolvimento dos equipamentos turísticos e levantamento do patrimônio cultural do bairro. O Sebrae trabalha diretamente com os moradores, e todas as ações são feitas no intento de identificar e desenvolver os potenciais de geração de renda para a comunidade. A estratégia, quase sempre, é orientar e estimular a formação de cooperativas que possam otimizar as ofertas econômicas e culturais do bairro.
 
 
 
Curiosidades
CINE BRASIL

Inaugurado em 1959 pelo espanhol Júlio Juncal, o Cine Brasil teve momentos de glória como uma das mais tradicionais salas de projeção de Salvador. O cinema resistiu até 1979, mas, com a crise do cinema baiano na década de 70, foi fechado. No espaço já funcionaram desde comitês políticos até danceterias. Quando da tentativa de transformar o memorável Cine Brasil em supermercado, a população se mobilizou. Com o apoio da rádio comunitária Serviço de Som da Liberdade, e do diretor do Colégio Caxiense, 3.000 pessoas fizeram um abaixo-assinado que pressionou o governo do estado a transformar o Cine Brasil num espaço cultural de utilidade pública.

CARNAVAL

-ORIGEM DO CARNAVAL NA LIBERDADE
O carnaval da Liberdade começou com as batucadas e os afoxés. As batucadas eram formadas por homens que saíam fantasiados de casa em casa, tocando instrumentos de percussão e cantando versos improvisados na hora (trovação). O Gato Vencedor e Fortaleza do Amor são alguns dos nomes lembrados pelos moradores. Os afoxés têm origem nos terreiros de candomblé. Africano Ideal era um dos mais conhecidos, organizado pelo pai de Mãe Hilda, e depois surgiu Os Netos de Gandhy. Os afoxés costumavam sair do Largo do Japão, ponto de encontro da gente festeira do bairro.

-OS PRIMEIROS BLOCOS
A Viuvinha foi um dos primeiros blocos de carnaval da Liberdade, formado apenas por homens que saíam de saia preta, blusa bem justa e cabeleira postiça. No começo, os blocos eram organizados com simplicidade e improviso, apenas pelo prazer da brincadeira. As fantasias do Trança Fitas, por exemplo, eram feitas de papel crepom. Havia um bloco chamado O Urso, de Antônio Souza Bispo, cujas roupas eram feitas de calhamaço e os pêlos eram dos balaios de ovos de samambaia. Um rapaz chamado Tourinho entrava na roupa do urso e saía pelo bairro acompanhado pelos brincantes.

-AS ESCOLAS DE SAMBA
Com o tempo, os carnavalescos da Liberdade foram aperfeiçoando as fantasias até surgirem as escolas de samba, com carros alegóricos e enredos, que já desfilavam pela Avenida Sete de Setembro. Apesar de ainda carregarem elementos da cultura européia, principalmente no figurino, traziam, no enredo, temas ligados às raízes da cultura africana, ou afro-brasileira. Filhos da Liberdade (1958), de Mestre Dilú e Olvaldo Jibóia, Bafo de Onça (1964), de Mário Tchê, Tchê, Tchê, e Ritmo da Liberdade (1967-1980), de Mestre Vavá, eram as mais fortes concorrentes da Liberdade, que disputavam troféus com escolas de outros bairros.

ESTRADA DAS BOIADAS

A cidade do Salvador possuía três estradas de acesso: a estrada do Rio Vermelho, a estrada das Brotas e a estrada das Boiadas, esta última a única que ligava a cidade ao resto das províncias. Era uma trilha de terra que servia de percurso para as inúmeras boiadas.
Por ocasião das lutas pela independência da Bahia, e já no assalto final à cidade, os combatentes vitoriosos tomaram a cidade aos portugueses. A estrada das boiadas foi o caminho percorrido em 1823 pelo comando libertador.
O coração da Liberdade é também o centro nervoso e sua própria coluna. Na Rua Lima e Silva estão os principais atrativos do bairro, bem como a maior parte da infra-estrutura de saúde, transporte, educação, comunicação e lazer.

IGREJA DE SANTA BÁRBARA

A igreja de Santa Bárbara, na rua Lima e Silva, foi a primeira Igreja Brasileira da Liberdade (a primeira de Salvador foi fundada no Baixo do Bonfim, a Paróquia Nossa Senhora da Glória), fundada pelo Monsenhor Valdir Guimarães do Espírito Santo. Com a intensa participação popular, a igreja já não comportava mais tanta gente. Para atender a demanda, Dom Valdir fundou a igreja de São Roque, em 1975, que, mais tarde, vem a ser a Igreja de São Lázaro. Em 1976, Dom Valdir faleceu e Dom Miguel assumiu a administração, juntamente com a viúva de Dom Valdir (a igreja brasileira permite o casamento entre os padres). A igreja continuou com o Padre Josivaldo, que depois deixou a função por motivos judiciais, e fundou outra igreja de São Roque na ladeira de São Cristóvão. Em 1977, Janete deu continuidade às atividades da igreja com padre Jorge, só que com São Lázaro como padroeiro da paróquia. Em 1989, a igreja desvinculou-se da Igreja Brasileira e se ordenou como Igreja Católica Apostólica Ortodoxa do Brasil. Com o falecimento de D Miguel em 1º de Julho de 1998, assume a administração sua esposa Janete, após ser ordenada presbítera, em janeiro de 1990, como a primeira mulher a celebrar uma missa.

MÍDIA

-A BICICLETA-FALANTE
Uma maneira prática e eficiente de fazer anúncios na Liberdade é através da bicicleta com alto-falante, um recurso bastante utilizado no bairro. A dificuldade de transitar pelo comércio intenso e desorganizado da Lima e Silva é o principal fator que levou ao sucesso da invenção. Além disso, a bicicleta de som é um transporte econômico e ecologicamente correto, já que necessita apenas do metabolismo energético do corpo humano para funcionar!
Mas quem será o tutor dessa idéia? Ao certo, pouco se sabe. Dílson Portela Teixeira é um dos operadores da geringonça. Ele conta que foi contratado pelo filho de um vereador local, que havia montado o equipamento para fazer propaganda política, mas perdeu a eleição. O filho passou a usá-lo para ganhar dinheiro no comércio.

ALIMENTAÇÃO

-A MÁQUINA DE SORVETE POPULAR
Receita simples a custo baixo é o que faz a antiga máquina de sorvete permanecer em uso por mais de 20 anos. Atualmente só há duas máquinas de sorvete na Liberdade. Um dos pontos tradicionais dessa atividade fica em frente à casa de construção Duque de Caxias. O dono já possuiu mais de 20 máquinas espalhadas por Salvador, mas agora só mantém três. O famoso sorvete feito na hora por uma máquina de origem paulista tem uma receita bem simples: Q-suco, gelatina, água e açúcar.

-TÁXI SORVETE
O sorvete é igual a todos os outros que são vendidos na rua. A diferença está na criatividade do vendedor. O isopor é colocado em um carrinho de mão e ganha uma identidade visual de táxi. “Olha o picolé-táxi! Chegou o táxi-sorvete!”, grita o vendedor. E assim ele consegue ganhar a clientela. O carrinho, encomendado em um funileiro, pode abrigar sorvetes e picolés, e assumir formas variadas. Desde um isopor quadrado em uma estrutura comum de ferro com quatro rodas, ao formato mais conhecido: o carrinho circular que lembra um tonel. Apesar de parecer pequeno, esse tipo de carrinho comporta até quatro potes grandes de sorvete, mantidos na temperatura correta graças apenas ao gelo no isopor.
 
:: Avisa Lá Salvador ::