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ENGENHO VELHO DA FEDERAÇÃO

O bairro do Engenho Velho da Federação recentemente foi reconhecido como comunidade de resistência negra na cidade. Reconhecimento muito justo, afinal, no Engenho Velho encontramos pelo menos 19 terreiros de candomblé, além do busto de Mãe Runhó, único monumento público a uma secerdotisa de religião africana. O bairro está localizado num morro as margens da Avenida Vasco da Gama que o separa do Acupe de Brotas, fazendo fronteira com o Alto do Sobradinho, sendo ainda limitado pela Avenida Cardeal da Silva. Habitado por uma população de baixa renda, o bairro é assistido pela Paróquia de Santa Cruz e tem como principal logradouro a Rua Apolinário Santana.

 

 
Área
FEDERAÇÃO
 
Depoimentos
"Salvador é uma cidade linda e maravilhosa, inclusive parece muito com África do Sul. Eu estive lá na África, em Durban, na III Conferência contra o Racismo, e eu pude ver lá muita coisa parecida com Salvador. A cidade, inclusive, está muito bonita, a gente não pode negar. Nos pontos onde turistas andam, está assim, beleza, você pensa que está em outro país."
Creuza Maria Oliveira - Sindomésticas - Vasco da Gama
(Quem faz Salvador, 2002, Cd-Room, Ufba)

"Meu coração pulsa no ritmo dos atabaques, em sintonia com Salvador. Cresci num terreiro de Candomblé, tenho a percussão na alma e no corpo."
Edivaldo Araújo - Terreiro Casa Branca - Vasco da Gama
(Quem faz Salvador, 2002, Cd-Room, Ufba)

"O Engenho Velho da Federação é um bairro de maioria negra, que tem uma história. Ele serviu de refúgio na Revolta dos Malés, os Malés escondiam aqui o dinheiro, como se fosse um banco. Tanto que esse final de linha tinha o apelido de bogun, nome do vaso onde se guardava o dinheiro, que era enterrado, para sustentar a luta deles."
Orlando Barbosa - Liderança cultural do Engenho Velho da Federação
(Quem faz Salvador, 2002, Cd-Room, Ufba)

"É um bairro do século XIX. Temos aqui 19 terreiros de candomblé, entre os quais o último terreiro da nação Gêge e o principal terreiro da Bahia, a Casa Branca. Ele fica voltado para a avenida Vasco da Gama, mas a entrada é aqui, no Engenho Velho."
Orlando Barbosa - Liderança cultural do Engenho Velho da Federação
(Quem faz Salvador, 2002, Cd-Room, Ufba)
 
Na Mídia
:: TEATRO E RESGATE SOCIAL
A TARDE, 22.07.2006, Cad.2, p.1, Eduarda Uzêda
:: BAIRRO GANHA OBRAS POR SER QUILOMBO
A TARDE, 25.09.2005, Local, p.12, Cleidiana Ramos
:: SOLIDARIEDADE NÓRDICA
CORREIO DA BAHIA, 28.01.2005, Aqui Salvador, p.8, Fernanda Grisi
:: ENGENHO VELHO DA FEDERAÇÃO, BERÇO DO AXÉ
A TARDE, 26.02.2000, Cad.2, p.4, Maria de Fátima Dannerman
:: ENGENHO VELHO EMANCIPA-SE
TRIBUNA DA BAHIA, 06.08.1987, Cidade, p.20
 
Atrativos
IGREJAS

- PARÓQUIA DE SANTA CRUZ
A Paróquia de Santa Cruz chegou no Engenho Velho da Federação em 1964. Esta igreja católica possui pastoral das crianças, pastoral familiar, grupo de jovens, grupo da melhor idade, e vários grupos de catequese. Também, por ela, já foi organizada uma caminhada ecumênica em busca da paz. O seu calendário festivo tem início no mês de março com a Assembléia Paroquial, Via Sacra, Semana Santa e Caminhadas Penitenciais. No mês de maio, o mês Mariano, tem Santo Antônio em doze casas das famílias e um dia na Igreja, e o Corpus Christi, quando fazem procissão nas ruas. Em junho tem Forró Paroquial, em setembro, no dia cinco, tem a festa do Padroeiro de Santa Cruz. Outubro é mês das santas missões, quando os trabalhos são divididos, ocorre evangelização nas casas, e a festas do dia das crianças com um dia de lazer no Seminário. Em novembro acontece a 1ª Eucaristia e Batizado de crianças e adultos. O calendário finaliza em dezembro com a importante festa de Natal em família.

TERREIROS DE CANDOMBLÉ

- CASA BRANCA DO ENGENHO VELHO
Situada na Avenida Vasco da Gama, a Casa Branca do Engenho Velho, ou Ilê Axé Iyá Nassô, foi tombada em 1984 e é considerada o primeiro Monumento Negro do Patrimônio Histórico do Brasil. Conta-se que a Casa Branca é a primeira casa de candomblé aberta em Salvador. O centro foi fundado em um engenho de cana, então transferido para uma roça na Barroquinha – ainda nos limites urbanos da cidade. Com o crescimento do centro administrativo da cidade de Salvador, ocorre uma migração da população para outras áreas. Iya Nassô, uma das negras africanas fundadoras do terreiro, arrendou terras do Engenho Velho do Rio Vermelho de Baixo, estabelecendo aí o primeiro Terreiro de Candomblé. Este agrupamento conta com mais de 300 anos de existência, a sucessão da se dá através da linhagem familiar. Atualmente a Iyalorixá Altamira Cecília dos Santos é a mãe de santo da casa.

- TERREIRO DO BOGUM: ZOOGOODÔ BOGUM MALÊ RUNDÔ
Localizado na Ladeira Bogum, antiga Manoel Bonfim, o Terreiro do Bogum, Zoogodô Bogum Malê Rundó, diferente dos outros terreiros de Salvador, é de nação Jeje, com tradição ligada ao Benin. Os Jeje entraram no Brasil por volta do século XVII e início do século XVIII, sua marca cultural tem registro na Bahia e em Mina. A língua falada em seus rituais é o ewé, do povo fon, e as entidades cultuadas são os voduns do Daomé. A sucessão no Terreiro do Bogum se dá pela linnhagem e através dos búzios . Mãe Índia, chefe do terreiro do Bogum, é sobrinha-neta de Valentina, Mãe Runhó. Uma das tradições do Terreiro é a missa em homenagem a São Bartolomeu, realizada anualmente há duzentos anos. Conta-se que neste terreiro refugiavam-se escravos e negros malés

- TERREIRO ILÊ AXÉ OBÁ TONI
O Terreiro Ilê Axé Obá Toni, localizado na Ladeira da Paz no Engenho Velho da Federação, passou de Julieta Costa Ferreira para mãe Elza, que é filha de santo da Casa Branca, e atualmente é chefiado por Marivalda Ferreira. A sucessão é escolhida hereditariamente e através dos búzios. As festas da casa celebram Ogum, Omolu e Xangô em dezembro. Em janeiro, festas de Xangô, das Yabas, Oxum de mãe Elza, Oxalá e Iemanjá e festa dos Erês até antes do carnaval. Em julho tem festa de caboclo, em setembro, Amalá de Xangô.

- TERREIRO ILE AXÉ OMIRÉ OJU IRÊ
O terreiro Ile Axé Omiré Oju Irê foi fundado há anos no Engenho Velho da Federação, mas ele surge antes disso. Mãe Hildete conta que se tornou mãe de santo por imposição dos orixás. Seu pai tinha sessão de batida, ela é neta de Maçu de Oxum, filha de Joana de Ogum, e filha de santo de Conceição de Itinga, filha de santo de Adleía Santos, Ialorixá do Nordeste de Amaralina. A sucessão da chefia do terreiro, de nação ketu e língua ioruba, é feita hereditariamente. O calendário de obrigações da casa celebra Exu e Ogum em janeiro; em agosto, Omolu e Omolu
Obaluaê; em setembro, Amalá de Xangô; em dezembro Ogum, Iemanjá, Oxum e Iansã. O terreiro oferece curso de percussão, pintura em tecido, trabalho com contas e palhas, bainha aberta.
 
 
 
 
Personagens
MÃE RUNHÓ

Maria Valentina dos Anjos Costa (1877 - 1975), Doné Runhó, foi uma alta sacerdotisa do Zogodô Bogum Male Rondó, nome sagrado do Terreiro do Bogum, único de cultura jejê-mahi em Salvador. Uma praça no Engenho Velho da Federação foi nomeada em sua homenagem. O seu busto, localizado no meio da praça, é a única homenagem pública a uma sacerdotisa da religião de matriz africana na cidade.
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